Coreia do Norte acusa CIA de tentar matar Kim Jong-un com armas bioquímicas

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A Coreia do Norte acusou a CIA (o serviço secreto americano) de tentar assassinar seu líder, Kim Jong-un, com o uso de substâncias bioquímicas não especificadas, durante um evento público cerimonial.

O governo da Coreia do Norte lançou um comunicado afirmando que a agência de inteligência dos Estados Unidos subornou um cidadão norte coreano, chamado apenas de Kim, para executar o plano. Um dos possíveis locais do assassinato seria o mausoléu no qual estão os corpos do pai e do avô de Kim Jong-un (o fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung), bem como uma parada militar.

A acusação surge em meio ao aumento das tensões sobre o polêmico programa nuclear da Coreia do Norte, com Pyongyang fazendo várias acusações e provocações ao governo de Donald Trump.

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Assim como outras acusações da Coreia do Norte, a alegação de que a CIA tentou assassinar Kim Jong-un é impossível de ser verificada. Qualquer notícia divulgada na mídia sobre o regime é estritamente controlada pela propaganda do Estado, e costuma ser designada simplesmente para enaltecer a reputação do ditador do país.

Referências frequentes a presença de forças hostis que querem assassinar Kim Jong-un e ameaçar a própria existência do país já são táticas comuns para que o governo tenha apoio da população.

O comunicado do governo norte coreano disse o seguinte: “esse crime hediondo, que foi recentemente descoberto na República Popular Democrática da Coreia, é um tipo de terrorismo não apenas contra a RPDC, mas também contra a justiça e a consciência da humanidade.”

O comunicado também disse que “o assassinato pelo uso de substâncias bioquímicas, que incluem compostos radioativos e venenosos, é o melhor método que não necessita de acesso ao alvo.”

Kim, o suposto assassino, foi descrito como um “lixo humano” que recebeu pagamentos que totalizaram US$ 740 mil, e recebeu transceptores e todo o equipamento necessário para o plano, de acordo com o governo norte coreano.

Além disso, Kim também teria múltiplos contatos com pessoas ligadas à inteligência da Coreia do Sul, bem como um cúmplice de nome chinês, Xu Guanghai.

O governo não deu mais detalhes de como que o plano foi descoberto, ou o destino de Kim. Mas em um potencial sinal de “limpeza” interna, disse que iria “apagar e destruir impiedosamente qualquer terrorista.”

Já houve um enorme número de casos de tentativas de assassinato contra Kim Jong-un e seu pai, Kim Jong-Il, mas analistas ocidentais e oficiais de inteligência atribuíram muitos deles como tentativas frustradas de pessoas ligadas ao próprio governo local, como militares insatisfeitos e vários oficiais.

Como forma de agravar a atual tensão, Pyongyang provavelmente decidiu que é politicamente mais conivente culpar Washington do que admitir que o plano surgiu dentro do próprio país.

Mitologia de superioridade

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A mitologia norte coreana, que é centrada na dinastia Kim, tem como foco mostrar a superioridade econômica, política e militar do país sobre a Coreia do Sul e seus aliados ocidentais.

A alegação de que descobriu a tentativa de assassinato é apenas para mostrar um ar de invencibilidade, apesar de parecer algo falso para o restante do mundo.

Em adição a isso, nas últimas semanas, Pyongyang está retratando os Estados Unidos como um agressor, o que se torna uma maneira de justificar o desenvolvimento de mísseis de longo alcance, armados com ogivas nucleares.

Histórico de alegações infundadas

A Coreia do Norte já possui um enorme histórico de alegações sem qualquer tipo de fundamento. No mês passado, por exemplo, o jornal estatal Rodong Sinmun alegou que os exercícios militares entre Estados Unidos e Austrália, no norte do território australiano, eram uma preparação para uma guerra nuclear contra a Coreia do Norte, que ameaçou retalhar com um ataque.

Por conta disso, a Coreia do Sul já admitiu que possui planos para assassinar Kim Jong-un, caso o país se sinta ameaçado pelos mísseis nucleares da Coreia do Norte.

A Coreia do Sul possui um sistema de defesa que envolve ataques precisos de mísseis, feitos especialmente para atacar o líder da Coreia do Norte, caso o país se sinta ameaçado por um ataque nuclear.

CIA já executou assassinatos secretos

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Apesar da longa história da CIA em tentar executar assassinatos secretos de líderes políticos pelo planeta ser notória, a agência de inteligência foi forçada a parar de bancar operações desse tipo, após um inquérito do senado, nos anos 70, expor a escala desses assassinatos e concluir que essa política era contra produtiva.

Mas mesmo com o fim desta política, os Estados Unidos continuaram a praticar aquilo que chama de “assassinatos direcionados”, e já liderou ataques, desde a década de 70, contra certos líderes, como o ditador líbio Muammar Gaddafi e o ditador iraquiano Saddam Hussein.

E nem é preciso dizer que o país possui armas muito mais sofisticadas do que atiradores de elite e cigarros explosivos, que já chegaram a ser enviados para Fidel Castro. A era digital já aumentou o número de opções para assassinatos secretos. Por exemplo, um documento vazado pelo Wikileaks, no início do ano, afirma que a CIA já está tentando procurar uma maneira de hackear os sistemas eletrônicos de carros.

Fonte: The Guardian e CNN
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