A farmacêutica alemã CureVac está prestes a divulgar os resultados da terceira fase de testes de sua vacina contra a Covid-19.
Caso aprovada nessa última fase, ela pode ser um imunizante crucial no combate a pandemia, fazendo com que o processo de vacinação em vários lugares do mundo seja mais rápido. Isso tem relação com a forma de armazenamento suportada pelo produto.
A CureVac usa o mesmo mecanismo de imunização usado por outros fabricantes de vacina, como a Moderna e a Pfizer, utilizando o RNA do vírus da Covid-19.
Dessa forma, o organismo recebe informações a respeito da proteína spike, a mesma que o coronavírus usa para infectar as células do corpo, e consegue desenvolver anticorpos para se proteger em caso de uma infecção real. Essa técnica nunca havia sido usada em vacinas para humanos antes e vem se mostrado muito eficaz.
A vantagem da vacina alemã em relação aos imunizantes da Pfizer e da Moderna é que ela não possui o principal ponto fraco dessas duas: o armazenamento.
Ambas necessitam de uma temperatura muito baixa para serem utilizadas, o que dificulta o transporte e o armazenamento, principalmente em países e locais mais pobres, que não contam com boa infraestrutura.
No caso da CureVac, ela pode permanecer guardada por três meses a uma temperatura de -5ºC, nada muito difícil de se conseguir com friezers comuns. Em temperatura ambiente, ela dura até 24 horas.
Vacina para todos
Para efeitos de comparação, a vacina da Pfizer dura apenas 15 dias e precisa ficar guardada a uma temperatura de -70ºC. A da Moderna dura 30 dias, mas a refrigeração precisa chegar a -20ºC.
As duas possuem uma porcentagem de eficácia muito alta no combate ao vírus, variando entre 90 e 94%, e espera-se que a CureVac chegue nesses números, por ter um mecanismo de imunização semelhante.
A questão da temperatura tem sido um entrave muito grande para uma distribuição mais abrangente de vacinas para covid-19 em todo o mundo.
No Brasil, por exemplo, o armazenamento chegou a ser usado como argumento contra a compra da vacina da Pfizer em 2020, a qual o Governo Federal recusou, resultando em um atraso de meses no início da vacinação, que até hoje segue de forma muito lenta.