Como seres humanos, sempre ficamos conjecturando sobre os tipos de ajustes biológicos que poderemos fazer no futuro. Mas será que um dia seremos capazes de criar um clone perfeito de uma pessoa?
A tecnologia de edição de genes já é capaz de nos permitir “corrigir” certas doenças em camundongos, fora que já é possível modificar geneticamente embriões humanos na esperança de encontrar melhores tratamentos para a infertilidade. Então, o que vai acontecer quando descobrirmos como clonar o cérebro de uma pessoa e até mesmo sua estrutura neural exata?
Como o MinutePhysics explica, a clonagem na física significa algo bem diferente da clonagem na biologia.
Na biologia, se uma planta ou um animal – tal como a famosa ovelha Dolly – tiver o mesmo DNA, isso é considerado um clone. E nesses casos, estes clones podem acabar como formas de vida bem sucedidas.
Enquanto a ovelha Dolly conseguiu atingir os 6 seis anos de idade – metade da vida média de uma ovelha – quatro clones derivados da linhagem celular da ovelha Dolly estão atualmente vivos e saudáveis aos 9 anos de idade.
Na física, se você quiser reivindicar que você clonou algo, você vai ter que fazer muito mais do que “apenas” clonar uma ovelha.
Não é apenas o DNA que tem de ser exatamente o mesmo – as posições relativas, movimentos e níveis de energia de cada partícula, e todos os seus vínculos e interações, precisam ser exatamente os mesmos também.
Pode parecer uma façanha muito difícil, mas é alcançável, isso na criação de um clone perfeito pelos padrões da física. Porque em teoria, tudo o que você realmente precisa fazer é identificar todas as peças diferentes e onde elas devem ir, assim como em um quebra cabeça.
Mas segundo o MinutePhysics, a clonagem perfeita de humanos, sempre será algo fundamentalmente impossível.
Segundo o físico e criador do MinutePhysics, Henry Reich, ele não está simplesmente querendo dizer que não sabemos como, ou ainda não somos capazes, porque é algo realmente difícil de fazer na prática. Reich diz que tem sido matematicamente provado que a clonagem perfeita de humanos não pode ser alcançada, mesmo em princípio.
Basicamente, o problema se resume à estranheza “assustadora” das partículas quânticas, com sua capacidade de estar em dois estados ao mesmo tempo, assim como o Gato de Schrödinger – recentemente “popularizado” pela série nerd The Big Bang Theory.
Gato de Schrödinger
A teoria do gato de Schrödinger é uma das idéias mais bizarras já produzidas pela mente humana. Trata-se de uma experiência imaginária, na qual um gato, no papel de cobaia, está vivo e morto ao mesmo tempo! E não estamos falando de espiritismo, mas de mecânica quântica, o ramo da física que estuda o estranhíssimo mundo das partículas subatômicas (menores que os átomos). A hipótese foi concebida pelo físico austríaco Erwin Schrödinger, um dos mais brilhantes cientistas do século XX. Sua intenção era mostrar como o comportamento das partículas subatômicas parece ilógico se aplicado numa situação fácil de ser visualizada, como um gato preso numa caixa fechada. Na situação proposta por ele, a vida do animal ficaria à mercê de partículas radioativas. Se elas circulassem pela caixa, o gato morreria; caso contrário, ele permaneceria vivo. Até aí, não há nada de mais.
A história fica maluca mesmo quando analisada de acordo com as leis do mundo subatômico, segundo as quais ambas as possibilidades podem acontecer ao mesmo tempo – deixando o animal simultaneamente vivo e morto. Mas e se um cientista olhasse para dentro da caixa? Ele não veria nada de mais, apenas um gato – vivo ou morto. Isso porque, segundo a física quântica, se houvesse o mínimo de interferência, como uma fonte de luz utilizada para observar o fenômeno, as realidades paralelas do mundo subatômico entrariam em colapso e só veríamos uma delas. Por isso, nem adianta tentar realizar a experiência na prática. Achou difícil entender essa maluquice? Tudo bem, os melhores físicos têm o mesmo problema. “Esse exemplo mostra que ainda não entendemos as implicações mais profundas da mecânica quântica”, afirma o holandês Gerardus t Hooft, vencedor do Nobel de Física de 1999.
Mesmo que seja um tanto quanto ruim ser informado de que algo é impossível, provavelmente, a clonagem perfeita de humanos não seria uma coisa boa para a própria humanidade, cientificamente falando.