Um novo estudo sobre buracos negros pode mudar tudo o que sabemos sobre esses misteriosos objetos. Eles podem ser uma espécie de portal para o futuro do espaço-tempo, onde ao invés de sugarem matéria passariam a dispará-la, tornando-se objetos conhecidos como buracos brancos, por funcionarem de forma completamente inversa a eles.
O estudo indica basicamente que as singularidades, porções centrais do buraco negro onde a matéria seria comprimida até a totalidade, simplesmente não existem, contrariando a Teoria da Relatividade proposta por Einstein e que ajuda a explicar os buracos negros como os conhecemos hoje. Segundo o estudo, publicado na Physical Review Letters, a singularidade simplesmente não pode existir e a teoria que explica esses objetos é chamada de gravidade quântica em loop.
O cientista Carlo Rovelli, líder do grupo de pesquisa de gravidade quântica da Universidade de Aix-Marseille, na França, explica a gravidade quântica. “Nós não temos consenso sobre tal teoria, mas temos candidatas. […] A gravidade quântica em loop, que tem uma estrutura conceitual limpa e uma formulação matemática bem definida baseada na representação do tecido do espaço como uma rede de spin que evolui no tempo, é uma dessas teorias”, afirma.
Com a teoria da gravidade quântica aplicada aos buracos negros, o resultado é bem diferente da singularidade, levando até mesmo a um futuro do espaço-tempo, onde o objeto se tornaria um buraco branco.
De Volta Para o Futuro
As equações da gravidade quântica aplicadas aos buracos negros mostraram que próximo ao centro do objeto o espaço-tempo sofre uma curvatura acentuada e dessa forma o objeto é levado a um futuro onde toda a matéria sugada e comprimida pelo buraco negro seria ejetada, tornando-o um buraco branco.
Rovelli explica que isso não fornece provas o suficiente dessa teoria, mas os indícios são muito fortes. “As teorias existentes não foram capazes de mostrar completamente uma maneira de esse ‘salto’ acontecer. Que a gravidade quântica em loop consiga fazer isso é uma indicação de que essa teoria amadureceu o suficiente para lidar com situações do mundo real”, afirma o cientista.