O Facebook anunciou um novo programa para tentar reduzir a disseminação de notícias falsas na rede social no Brasil. A empresa iniciou uma parceria com as agências de verificação de notícias Aos Fatos e Lupa para checar a veracidade de publicações feitas na plataforma criada por Mark Zuckerberg.
Implementado no exterior, o programa ajudou a reduzir o alcance orgânico de postagens falsas na plataforma em até 80%, informou o Facebook. “Um dos nossos pilares hoje é ter uma comunidade bem informada”, diz Claudia Gurfinkel, líder de parcerias com veículos de mídia do Facebook para a América Latina. “Para nós, é muito importante lançar esse programa no Brasil às vésperas das eleições.”
A menção ao pleito deste ano não é à toa: apesar de existir há bastante tempo na internet, a disseminação de notícias falsas se tornou um problema mais acentuado a partir de 2016, durante a eleição presidencial americana, que deu a vitória a Donald Trump.
O Facebook é considerado um dos principais atores nessa discussão – e o novo programa é uma tentativa da empresa para reduzir seu papel nessa questão problemática. Além disso, a iniciativa surge na esteira do escândalo do uso ilícito de dados de 87 milhões de usuários pela consultoria política Cambridge Analytica, contratada para atuar na campanha de Trump.
Como funciona
Nos últimos tempos, o Facebook tem começado a receber denúncias de notícias falsas pelos usuários – que podem notificar a rede de abusos, assim como acontece em questões como violência ou nudez. Além disso, a empresa também diz usar sistemas de aprendizado de máquina para ler comentários que possam indicar que a publicação contém informações inverídicas.
As duas agências que fecharam a parceria com o Facebook terão acesso a essa lista de notícias classificadas pela rede social como supostamente falsas, e poderão, a partir dela, fazer a checagem dos dados.
A partir da apuração, Aos Fatos e Lupa poderão rotular as publicações de diferentes formas – são ao todo seis rótulos, que vão de falso a verdadeiro, incluindo sátira. “É um rótulo que criamos para mostrar que aquele conteúdo não é jornalístico e, portanto, não se aplica a uma checagem”, diz Gurfinkel.
Caso uma publicação feita no Facebook seja rotulada como falsa, a rede social vai avisar os usuários que tentarem compartilhá-la. Caso a decisão de dividir aquela história com os amigos seja tomada pelo usuário, a postagem será exibida com um rótulo de “falsa” e trará, como artigo relacionado, o texto que mostra a checagem das agências independentes. O Facebook também vai vetar que aquela publicação seja impulsionada por uma página – isto é, que alguém possa pagar para que ela chegue a mais pessoas.
Além disso, páginas no Facebook que compartilharem notícias falsas repetidamente terão seu alcance diminuído e possibilidades de monetização cortadas.