Parece que a ciência e a tecnologia estão evoluindo cada vez mais. Cientistas desenvolveram um implante de retina que pode restaurar a visão perdida em ratos e pretendem realizar os testes experimentais em seres humanos ainda em 2017.
Basicamente, o implante irá converter a luz em um sinal elétrico que estimula os neurônios da retina. Se o procedimento for bem sucedido, pode dar esperanças para milhões que sofrem de degeneração retiniana – isso inclui retinite pigmentosa -, em que as células fotorreceptoras no olho começam a quebrar, levando à cegueira.
A retina está localizada na parte posterior do olho e é composta por milhões desses fotorreceptores sensíveis à luz. Mutações em qualquer um dos 240 genes identificados podem levar à degeneração da retina, onde essas células morrem, mesmo quando os neurônios ao redor não são afetados. Uma vez que os nervos retinais permanecem intactos e funcionais, pesquisas anteriores têm estudado o tratamento da retinite pigmentosa com dispositivos oculares biônicos que estimulam os neurônios com luzes.
O implante da retina artificial
Agora, uma equipe liderada pelo Instituto Italiano di Tecnologia desenvolveu uma nova abordagem, com uma prótese implantada no olho que serve como um substituto de trabalho para uma retina danificada. O implante é feito de uma fina camada de polímero condutor, colocado sobre um substrato à base de seda e coberto com uma outra camada de polímero, mas esse, semicondutor.
Esse polímero atua como um material fotovoltaico, absorvendo fótons quando a luz entra na lente do olho. Quando isso acontece, a eletricidade estimula os neurônios da retina, preenchendo a lacuna deixada pelos fotorreceptores naturais, porém, danificados, do olho.
Para testar o dispositivo, os pesquisadores implantaram a retina artificial nos olhos de ratos criados para desenvolver um modelo de degeneração retiniana – chamados de Royal College of Surgeons (RCS), eles são os primeiros animais conhecidos com degeneração retiniana herdada.
Resultado dos testes
Após os ratos terem cicatrizado da operação 30 dias depois, os pesquisadores testaram o quanto eles eram sensíveis à luz – chamado reflexo pupilar – em comparação aos ratos saudáveis e ratos RCS não tratados. Com a baixa intensidade de 1 lux (unidade de iluminamento) – um pouco mais brilhante do que a luz de uma lua cheia – os ratos tratados não eram muito mais sensíveis do que os que não receberam a retina. Mas à medida que a luz aumentava para cerca de 4 a 5 lux – aproximadamente o mesmo que um céu escuro crepuscular – a resposta pupilar dos ratos tratados era em grande parte indistinguível de animais saudáveis.
Usando a tomografia por emissão de pósitrons (TEP) para monitorar a atividade cerebral dos ratos durante os testes de sensibilidade à luz, os pesquisadores viram um aumento na atividade do córtex visual primário, que processa a informação visual. Com base nos resultados, a equipe conclui que o implante ativa diretamente os “circuitos neuronais residuais na retina degenerada”, mas serão necessárias mais pesquisas para explicar exatamente como a estimulação funciona em um nível biológico. “O princípio detalhado do funcionamento da prótese permanece incerto”, explicam em seu artigo.
Finalizando…
Embora não haja garantias de que os resultados observados em ratos se traduzirão para as pessoas, a equipe espera que isso aconteça. “Esperamos replicar em seres humanos os excelentes resultados obtidos em modelos animais”, diz um dos pesquisadores, a oftalmologista Grazia Pertile, do Sagrado Coração Don Calabria, em Negrar, Itália.
“Nós planejamos realizar os primeiros testes em seres humanos no segundo semestre deste ano e reunir resultados preliminares durante 2018. Este [implante]poderia ser um ponto de virada no tratamento de doenças retinianas extremamente cansativas”, completa a oftalmologista.