A NASA revelou uma nova e impressionante visão do material que é liberado pelos jatos de Encélado, uma das principais luas de Saturno. Especialistas dizem que o oceano que está debaixo da grossa camada de gelo do planeta possui diversos ingredientes para o surgimento de vida.
Na nova imagem, é possível ver os intrigantes jatos do polo sul de longe, iluminados pela luz do sol, enquanto que a lua brilha levemente por conta do brilho de Saturno.
As várias observações feitas por diversos ângulos mostram como as características de Encélado são impressionantes. A sonda Cassini conseguiu juntar informações valiosas para ajudar a descobrir os mistérios do oceano que está abaixo da crosta de gelo da lua.
A nova imagem mostra o lado de Encélado que fica voltado para Saturno, e foi registrada pela Cassini no último dia 13 de abril. A sonda estava a 808 mil quilômetros da lua. Cada pixel da foto é equivalente a 5 km.
A Cassini está a apenas algumas semanas do final de sua vida, já que ela será destruída ao entrar na atmosfera de Saturno no dia 15 de setembro. Nesses 13 anos que orbitou o planeta, ela conseguiu dados importantes do corpo celeste e de suas luas, como a própria Encélado.
No início deste mês, outra imagem foi divulgada, e mostrava o pólo norte da lua, que é coberto de crateras e outras marcas misteriosas. Ele é completamente diferente do polo sul, que é onde se localizam seus jatos.
Em abril, cientistas revelaram que a sonda descobriu um “ingrediente desaparecido” que é a prova de que Encélado possui todos os elementos essenciais para o surgimento de vida microbiana.
O hidrogênio, que foi descoberto nesses jatos de água durante o voo mais próximo da Cassini ao local, já é considerado “a fonte potencial de energia química que pode suportar micróbios no fundo do mar de Encélado”, disse a NASA, em uma coletiva de imprensa.
O gás era a peça final do quebra cabeça após a descoberta de água no oceano que fica abaixo de sua superfície. Isso significa que a lua de Saturno pode ter os mesmo micro-organismos que deram início a vida na Terra, ou até mesmo criaturas mais complexas.
Esses organismos, que ainda podem ser encontrados nas profundezas mais escuras de nossos oceanos, utilizam o hidrogênio e dióxido de carbono como combustível em um processo conhecido como metanogênese.
“O que é intrigante a respeito dos dados de Encélado é que com a detecção de hidrogênio, agora estamos aptos a determinar quanta energia está disponível para a reação de metanogênese em Encélado”, disse o pesquisador Chris Glein, que também explicou que esse é um grande passo para investigar a habitabilidade da lua.
Glein também disse que apesar de não termos encontrado vida no local, essas novas informações “podem permitir essa possibilidade.”
Os blocos necessários para a construção da vida são água, que nenhuma forma de vida na Terra consegue existir sem, uma fonte de energia e seis elementos: carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre.
Os dois últimos itens da lista ainda não foram encontrados no oceano de Encélado, mas cientistas suspeitam que eles estejam lá por que se acredita que o núcleo rochoso da lua é quimicamente similar ao de meteoritos que os contém.
No início deste mês, os pesquisadores encontraram, inesperadamente, moléculas de metanol durante a pesquisa. Essa descoberta sugere que o material liberado de Encélado passa por uma “complexa jornada química” até ser expelido no espaço.
O metanol pode ter duas possíveis origens: uma nuvem do gás que é expelida por Encélado e fica presa ao campo magnético de Saturno ou ele se espalhou para o Anel E do planeta.
Um estudo recente encontrou quantidades similares de metanol nos oceanos da Terra.
“Essa observação foi muito surpreendente, uma vez que essa não era a principal molécula que estavam procurando originalmente nas plumas de Encélado”, disse Jane Greaves, da Universide de Cardiff, no Reino Unido.
“Descobertas recentes mostram que as luas do Sistema Solar exterior podem ser lar de oceanos com água líquida e ingredientes para a vida, que despertam possibilidades de sua habitabilidade”, disse Emily Drabek-Maunder, também da Universidade de Cardiff.
“Mas nesse caso, os resultados mostram que o metanol está sendo criado por outras reações químicas uma vez que a pluma é ejetada ao espaço, o que pode tornar improvável a indicação de vida em Encélado”, complementou.
A sonda Cassini encerrará sua jornada em setembro, o que fará com que as observações do planeta e suas luas fiquem restritas apenas a telescópios, pelo menos por um tempo.
A NASA também diz ter evidências de que o eixo de rotação da lua pode ter sido reorientado. A causa pode ser uma colisão com um corpo menor, como um asteroide. Talvez ajude a explicar porque a Encélado atual possui tamanha diferença entre seu polo sul e o norte.
O sul é ativo é geologicamente novo, enquanto que o norte é coberto por crateras e aparenta ser muito mais velho.
Clique aqui para assistir um vídeo feito pela NASA, que explica mais sobre a descoberta (atenção: está em inglês).