Na edição de abril deste ano da revista norte-americana National Geographic, a editora-chefe da publicação, Susan Goldberg, publicou um editorial com o título “Por décadas, nossa cobertura foi racista. Para superar nosso passado, precisamos reconhecê-lo”.
O texto traz os resultados de um estudo em parceria com John Edwin Mason, pesquisador da universidade da Virgínia, em que ele analisou as reportagens da revista desde seu lançamento em 1888. Mason descobriu que, até a década de 1970, negros e povos indígenas eram tratados como exóticos pela publicação.
“Resumidamente, o que Mason descobriu é que até a década de 1970 a National Geographic ignorava os negros que viviam nos Estados Unidos e quando chamava a atenção deles era por serem trabalhadores domésticos ou braçais”, escreveu Goldberg. “A revista também retratava povos indígenas como exóticos, sem roupas, caçadores felizes, nobres selvagens — os mais diversos clichês”, continuou no editorial.
“É doloroso revirar essas reportagens chocantes do passado da revista, mas, quando decidimos falar sobre raça na edição deste mês, decidimos que precisávamos examinar a nossa própria história antes de escrever sobre o assunto”, falou a editora-chefe da publicação. “O nativo fascinado pela tecnologia ocidental era um tema recorrente na nossa revista e criou uma dicotomia de nós e eles, entre o que é civilizado e o que não é”, afirmou.
Goldberg, que é a primeira mulher a assumir o cargo de editora-chefe da revista, concluiu dizendo que desde então a revista melhorou sua cobertura sobre minorias, mas que ainda há muito a ser feito. “As revelações feitas no estudo mostram que a National Geographic precisa fazer mais para se afastar de vez do espírito colonialista e elitista no qual foi fundada no século 19”, finalizou a editora.