Neurocientistas acabam de fazer uma revelação surpreendente a respeito do nosso cérebro que pode ajudar a explicar por que somos mais evoluídos, mentalmente, que muitos animais: a descoberta de um novo tipo neurônio que seria exclusivo dos seres humanos.
A descoberta foi divulgada no início desta semana na revista Nature Neuroscience. Esse novo neurônio recebeu o nome de “Neurônio Rosa Mosqueta”, por ter uma estrutura parecida com a Rosa Mosqueta, o nome dado ao fruto produzido pelos arbustos responsáveis por produzir a famosa flor rosa.
O motivo da escolha é que seus dendritos, que são os prolongamentos dos nossos neurônios, são “muito compactos e com muitos pontos de ramificação, que se parecem com a rosa mosqueta”, disse o pesquisador Trygve Bakken, um dos autores líderes do estudo, do Allen Institute for Brain Science, nos Estados Unidos.
Segundo o estudo, esse novo neurônio está presente no córtex cerebral, que é a camada mais externa do cérebro que é ligada aos nossos pensamentos mais complexos, emoções, memória e autoconsciência. Ela é inclusive considerada a estrutura mais complexa já criada pela natureza.
Essas pesquisa foi uma colaboração da equipe de Bakken com outros cientistas da Universidade Szeged, na Hungria, que descobriram que estavam estudando o mesmo assunto e decidiram unir forças. A descoberta do neurônio surgiu após os pesquisadores estudarem o tecido cerebral de dois homens que morreram.
Esse neurônio demorou a ser descoberto pelo simples fato de que o tecido cerebral é difícil de ser estudado, além dessa célula ser relativamente rara.
Bakken explicou que a equipe analisou apenas uma camada do córtex cerebral e que os novos neurônios correspondiam a apenas 10% das células encontradas. No entanto, os pesquisadores acreditam que o “Neurônio Rosa Mosqueta” pode ser encontrado em outras partes do nosso cérebro.
O cientista ainda complementou que a provável função desse novo neurônio é agir como uma espécie de inibidor ou que ele pode restringir a atividade das outras células cerebrais.
Por fim, a grande revelação feita pelo estudo é que essas células não foram encontradas no córtex cerebral de ratos, o que indica que ela pode ser exclusiva dos seres humanos.
Os pesquisadores acreditam que isso pode se tratar de uma consequência do simples fato do nosso cérebro ser muito mais desenvolvido e conter muito mais células.
No entanto, a ausência do Neurônio Rosa Mosqueta nos ratos é uma prova de que estudos feitos nesses animais podem não ter o mesmos resultados em seres humanos.
“Os ratos tem um maravilhoso organismo modelo para entender como que o cérebro funciona, no geral, e pode nos ajudar a entender como que o cérebro humano funciona. Mas encontrar uma parte do circuito que não é visto em ratos mostra a necessidade de estudarmos o tecido cerebral humano”, complementou Bakken.