O renomado físico Edward Witten sugeriu recentemente que a consciência poderia permanecer um mistério para sempre. Mas suas palavras não desencorajaram outros físicos de tentarem desvendá-la.
Sim, você leu certo, físicos.
No passado, a consciência estava quase que inteiramente ligada aos pensamentos de filósofos. Pois ela era considerada como algo extremamente etéreo para ser estudada materialmente. Mas à medida que a ciência avança, nossa capacidade de examinar os meandros tênues da mente acordada também dão os seus passos.
Mas foi só recentemente que seletos físicos deslocaram suas atenções de conceitos como a teoria do Big Bang, informação quântica e eletrodinâmica, para começarem a dar seus pitacos sobre a consciência.
Roger Penrose, um físico matemático da Universidade de Oxford, Reino Unido, tem-se perguntado abertamente se as chamadas “interações minuto” que ocorrem dentro do mundo subatômico da mecânica quântica podem dar origem à consciência.
Já o físico teórico e ganhador do Prêmio Nobel, David Gross, apresentou outras idéias a cerca do assunto. Gross especulou que a consciência poderia ser semelhante aquilo que os físicos chamam de transição de fase, uma transformação abrupta e súbita em larga escala que é resultante de várias mudanças microscópicas. O surgimento da supercondutividade em certos metais quando resfriado abaixo de uma temperatura crítica é um exemplo de transição de fase.
Uma das principais teorias da consciência vem do neurocientista Giulio Tononi, da Universidade de Wisconsin. Semelhante ao conceito de transição de fase apresentado por Gross, Tononi sugere que, à medida que o cérebro integra mais e mais informações, um novo limite é cruzado. O que resulta em um novo estado emergente: a consciência. De acordo com essa teoria, apenas certas partes do cérebro integram toda essa informação. Juntas, essas regiões constituem o “centro” da consciência.
Recentemente, Nir Lahav, um físico da Universidade Bar-Ilan, em Israel, procurou esse núcleo de atividade consciente. Ele e sua equipe interdisciplinar, que também incluiu neurocientistas e matemáticos, usaram varreduras detalhadas de seis cérebros para montar um mapa de informação (ou rede) do córtex humano (a camada externa de tecido neural do cérebro). Com esse mapa, eles observaram e registraram como certas partes do córtex estavam conectadas a outras partes. Eles traçaram regiões de alta conectividade e regiões de baixa conectividade. O mapa mostrou como a informação “flui” dentro do córtex e onde esse fluxo está concentrado. A região com maior tráfego pode muito bem ser o centro da consciência.
A região com o maior número de conexões, que Lahav chama de “núcleo”, era composta principalmente pelo giro frontal superior, córtex cingulado, área de Wernicke e área de Broca. Embora essas áreas estejam espalhadas pelo cérebro, elas estavam altamente interligadas.
Esta hierarquia única é um componente único e altamente interconectado, que permite altos níveis de integração e processamento de dados, provavelmente envolvidos nas funções cognitivas mais elevadas.
Elas também podem ser a “sede da consciência” dentro do cérebro.
Segundo os pesquisadores, todas as regiões no núcleo estão previamente correlacionadas às atividades da consciência. O núcleo… é, portanto, um candidato perfeito para ser a alta integração da região do espaço de trabalho global em que a consciência pode emergir.
Além dessa linha de pesquisa, Lahav tem ambições ainda maiores, como analisar todo o cérebro, não somente o córtex.
Segundo ele, a física tenta descobrir as leis básicas da natureza, construindo equações matemáticas gerais que podem descrever tantos fenômenos naturais quanto possível. Estas equações matemáticas revelam aspectos fundamentais da realidade. Se realmente queremos entender o que é a consciência e como funciona o cérebro, temos de desenvolver equações matemáticas do nosso cérebro e da nossa mente consciente.
Apesar dos físicos estarem muito longe do seu objetivo, eles acham que descobrir estas repostas pode ser o “Santo Graal” do que é a consciência.