A Amazônia é frequentemente chamada de “pulmão do mundo”, pois acredita-se que boa parte do oxigênio do planeta vem de lá. Mas não é bem assim: a maior parte do oxigênio que respiramos tem origem nos oceanos, mas isso também não significa que a floresta pode ser queimada a vontade, já que ela também é muito importante, embora tenha outras funções.
Michael Coe, cientista dos sistemas da Terra, que dirige o programa da Amazon no Woods Hole Research Center, em Massachusetts, Estados Unidos, é categórico. “Há várias razões pelas quais você gostaria de preservar a Amazônia, mas o oxigênio não é um deles”, afirma o cientista. Segundo os cientistas, as florestas tropicais produzem um terço de todo o oxigênio do mundo, no entanto, também consomem muito.
As plantas, além de produzirem oxigênio pela fotossíntese, também acabam consumindo-o através da chamada respiração celular. Além disso, insetos e outros organismos locais também acabam consumindo esse oxigênio produzido na floresta, fazendo com que a contribuição dela para o oxigênio que nós, humanos, respiramos seja bem pequeno.
Quem produz mais de 50% do oxigênio também são plantas, de certa forma, mas estão na verdade dentro dos mares e oceanos: trata-se do fitoplâncton, micro-organismos aquáticos que também fazem fotossíntese, mas conseguem produzir em um volume maior, já que não consomem tanto quanto plantas terrestres.
Fogo no parquinho?
Com isso, os oceanos acabam sendo os verdadeiros “pulmões do mundo”, enquanto a Amazônia poderia ser considerada, na verdade, como uma espécie de “ar condicionado do mundo”. O ciclo de chuvas afetado pela floresta e a umidade que ela dissipa certamente ajudam no resfriamento do planeta, algo que em tempos de aquecimento global é quase tão importante quanto o oxigênio.
Além de tudo isso, ainda existe a questão da variedade de espécies de plantas e animais que simplesmente se perderiam se a Amazônia simplesmente sumisse do mapa, como está fazendo lentamente devido aos incêndios e a atividade agropecuária na região.