Por que a América não foi nomeada em homenagem a Cristóvão Colombo?

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O dia 12 de outubro é marcado pelo feriado de Nossa Senhora Aparecida no nosso país, já que ela é considerada a padroeira do Brasil. Mas nesta mesma data, em 1492, o navegador Cristóvão Colombo descobriu a América. E você deve ter sempre se perguntado: por que nosso continente não foi nomeado em homenagem a ele? Entenda mais abaixo.

A resposta para essa questão tem relação com a reputação de Colombo na época em que os europeus começaram a dar nomes aos continentes que foram descobertos, bem como uma campanha de publicidade liderada pelo explorador italiano Américo Vespúcio, segundo o historiador Matt Crawford, da Universidade de Ohio, nos EUA.

Para complicar essa situação, Colombo jurou até seu último dia de vida que ele havia descoberto a Ásia, enquanto que Vespúcio afirmou que se tratava de um novo continente, explicou Crawford.

Colombo nasceu em 1451, na atual cidade italiana de Gênova, e se mudou para Portugal em 1476, época em que nosso colonizador era a grande potência da chamada Era da Exploração. Os portugueses já haviam descoberto a Ilha de Madeira, Açores e parte da costa oeste da África.

No entanto, os europeus queriam mesmo era chegar até a Índia, já que o Império Otomano bloqueou o acesso para a Ásia a partir de Constantinopla (atual Istambul), bem como pelo Norte da África e o Mar Vermelho. Colombo propôs a outros navegadores que era possível chegar até a Ásia viajando pelo sentido oposto.

Após os portugueses rejeitarem a ideia de Colombo, pois já sabiam que ela tinha suas falhas, como a longa distância a ser percorrida, ele se mudou para a Espanha. Os espanhóis, então, aceitaram bancar a expedição, mesmo sem ter certeza se ela daria certo, após uma série de acordos entre os dois lados.

“Ele (Colombo) prometeu muita coisa em troca: uma porção considerável das trocas e riquezas do que ele conseguisse em contato direto com os asiáticos. E lhe foi garantido o título de Almirante dos Oceanos e Vice-Rei das Índias”, explicou Crawford.

Colombo, então, viajou para a outra direção e deu de cara com a ilha de Guanahani, nas Bahamas. Nas outras viagens que fez para esse Novo Mundo, conheceu Cuba, Hispaniola e o litoral das Américas Central e do Sul. Mas segundo Crawford, o navegador continuou afirmando que havia colocado seus pés na Ásia para manter as riquezas e os títulos que os espanhóis lhe prometeram.

No entanto, muitas pessoas da época logo notaram que as afirmações de Colombo não estavam corretas e ele chegou a perder sua credibilidade. Enquanto isso, o famoso navegador português Vasco da Gama chegou à Índia após contornar o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, o que significava que os portugueses venceram os espanhóis na corrida para descobrir a Índia pelos mares.

Segundo Crawford, a coroa espanhola ficou tão insatisfeita com a falha de Colombo que enviou uma missão até o Caribe para prender o explorador, sem contar o fato de que ele perdeu todos os títulos que ganhou.

As cartas que mudaram tudo

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Ilustração de Cristóvão Colombo

Em 1493, Colombo escreveu uma carta para Luis de Santángel, um de seus apoiadores, sobre sua descoberta. Ela foi, mais tarde, impressa e lida por muitas pessoas.

No entanto, as cartas de Américo Vespúcio se tornaram muito mais populares. Ele havia explorado o mar junto dos portugueses e fez sua viagem para esse Novo Mundo em 1499. E ele logo notou que não se tratava da Ásia, mas sim de um novo continente até então desconhecido.

As cartas que ele enviou para seu patrão, Lorenzo de Médici, logo se tornaram populares por toda a Europa. “Podemos dizer que suas cartas ensinaram as pessoas mais sobre esse Novo Mundo do que as de Colombo”, disse Crawford. Já a professora Christine Johnson, da Universidade de Washington, lembra que Vespúcio detalhou tudo a respeito dos habitantes do continente, o que aumentou o fascínio da população sobre o local.

Por contas dessas cartas, o famoso cartógrafo alemão Martin Waldseemuller foi a primeira pessoa a incluir e a chamar esse novo continente de América. No entanto, o nome ficou mais restrito, de início, ao nosso país. “Waldseemuller não chamou a região toda de América”, lembra Crawford.

Como já sabemos das aulas de história, nessa época o Brasil se chamava “Ilha de Vera Cruz”, mas Crawford afirma que existia a possibilidade de Waldseemuller não saber o nome do nosso país pouco após ele ser descoberto por Portugal.

Em italiano, Vespúcio se chamava Amerigo Vespucci, o que já fez muitos perguntarem por que esse nome não foi usado para o nosso continente. O próprio Martin Waldseemuller disse que não usou o nome “Amerigo” por que nessa época, havia o costume de dar nomes femininos para os novos continentes, como Europa e Ásia, e assim fez a adaptação para “América.”

Em mapas desenhados nos anos de 1513 e 1516, Waldseemuller parou de usar o nome América e optou por alcunhas como “Terra Incognita” e “Terra Nova”, após descobrir que foi Colombo, e não Vespúcio, que descobriu o continente. No entanto, já era tarde: outros cartógrafos já haviam comprado a ideia e usaram América em seus mapas.

E até o final do século XVI, o nome América já estava consolidado no mundo inteiro, disse Crawford.



Fonte: Live Science
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