Monstros marinhos, saídos diretamente das profundezas dos piores pesadelos, ou simplesmente do oceano. Os peixes abissais possuem uma aparência assustadora, mas tudo é uma simples consequência do ambiente onde eles vivem, os locais mais profundos dos oceanos de todo o planeta, onde a comida é quase tão escassa quanto a luminosidade.
Esses animais vivem em profundidades abaixo de 2 quilômetros da superfície do mar, em locais que não podem ter outra classificação além de inóspitos. A temperatura por lá varia entre 0 e 4 graus e pressão é nada menos do que gigantesca, além da praticamente total ausência de luz. A aparência dos seres abissais é fruto de milhões de anos de evolução e vários aprimoramentos biológicos para facilitar a vida nesse local, se é que é possível pensar em vida mais fácil por lá.
O biólogo Alessandro Augusto Rogick Athiê, da Universidade de São Paulo (USP), explica uma das principais características dos seres abissais, a bioluminescência. “A luz é produzida por pequenos órgãos conhecidos como fotóforos, num fenômeno similar ao dos vaga-lumes”, diz. Segundo Athiê, os dentes geralmente enormes e a aparência ameaçadora são uma forma de se garantir a briga por comida, que é escassa.
A maioria dos habitantes das profundezas é carnívora, já que pouquíssimas algas crescem por lá. A comida geralmente consiste em pedaços de outros animais mortos que “chovem” da superfície, ou o vizinho. Em alguns casos, até mesmo os parentes, já que muitos peixes abissais são também canibais.
Canto escuro do mundo
As regiões abissais são definitivamente o canto escuro do mundo. Sabe-se muito pouco sobre o que existe por lá, já que são locais de difícil acesso e a maioria dos animais observados que vieram de lá surgiram na superfície já mortos. Por outro lado, não é muito justo chamar o abismo de “canto”, já que essas áreas representam 60% da superfície da Terra.
O “porão” do planeta é mais precisamente a chamada Fossa das Marianas, uma depressão submarina que ultrapassa os 11 quilômetros de profundidade, localizada no oceano Pacífico, próxima das Ilhas Marianas, que a batizam.