A professora Yvonne Mason recebeu uma carta da Casa Branca, assinada por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Após a leitura, ela decidiu fazer correções gramaticais no texto e enviar de volta para o lar presidencial.
Yvonne Mason conta que, quando abriu a carta, ela leu do início ao fim. Leu porque, afinal, tinha o selo do presidente no topo da página e sua assinatura no pé. Contudo, na terceira vez que leu, algo começou a irritar a professora aposentada, que passou 17 anos de sua vida refinando os conhecimento de inglês de alunos do ensino fundamental e médio.
Olhou para todas essas letras maiúsculas sem necessidade, ela pensou. “Federal” e “Nação” e “Estado” e “Estados” – palavras geralmente usadas em minúsculas como se elas fossem substantivos próprios. E muitas das frases começavam com a nona letra do alfabeto, o ‘i’ [em inglês, eu]. “Eu assinei a lei” e “eu também dirigi”.
A carta, com seu nome nela, foi escrita em um papel oficial e pesado. Alguns veriam essa carta de um presidente como digna de ser emoldurada. Mas, para Mason, havia uma coceira que não poderia ficar sem ser cutucada.
Ela pegou uma caneta roxa e fez algo que ela havia feito incontáveis vezes com incontáveis papéis: começou a circular. Começou com as irritantes letras maiúsculas. Mas, no fim, ela havia rabiscado diversos recados, riscado algumas pontuações, e perguntado a quem tivesse escrito a carta uma pergunta que pode ou não ter sido retórica: “Vocês já tentaram checar a gramática e estilo de escrita?”.
Um rabisco no fim do papel foi destinado a uma sentença, mas pareceu resumir a opinião de Mason sobre a carta inteira: “Meu Deus, isso está ERRADO!”.
Ela enviou a carta, já cheia de tinta roxa, de volta à Casa Branca. Mas antes disso, ela tirou uma foto e postou em sua página do Facebook, esperando causar sorriso em seus amigos ou ex-alunos que estão na missão de proteger a língua inglesa.
Dias depois, uma amiga a convenceu de tornar o post público, e, no fim de maio, havia sido compartilhado mais de 4 mil vezes, a última evidência para críticos que acreditam que o presidente e sua administração fazem um jogo rápido e liberal com o inglês.
Mason, de 61 anos, que ensinou retórica e composição em Greenville, na Carolina do Sul, e recentemente se mudou para Atlanta, escreve regularmente para os políticos eleitos nos quais votou e tornou a prática em aulas de argumentação – ensinamentos de civilidade e escrita juntos.
Ela escreveu a carta um dia após 17 pessoas terem sido baleadas e mortas na escola Marjory Stoneman Douglas High School em Parkland, na Flórida. “Eu escrevi insistindo ao presidente para se encontrar com cada família de cada vítima individualmente”, ela disse ao The Washington Post. “E ouvir o que eles têm a dizer e assegurar-lhes que algo iria ser feito sobre o controle de armas neste país”.
Mas ela sabia que havia muitas vozes falando sobre o assunto. “Eu não esperava ter um retorno. Depois de ter enviado, minha parte tinha acabado. Eu havia expressado minha opinião”.
Como muitas das cartas que ela recebeu de políticos, ela acha que a carta de Trump foi escrita por alguém na Casa Branca treinado para imitar o estilo de escrita do presidente, assim como um escritor de discursos. Ela não recebeu nenhuma resposta da Casa Branca sobre suas sugestões de edição.