Adão e Eva podem ter sido os responsáveis por povoar nosso planeta, segundo o que é descrito nas páginas da bíblia. Mas será que cientificamente falando, é possível que duas pessoas consigam repovoar a Terra a partir do zero, mesmo com os riscos associados aos cruzamentos consanguíneos e limitação de genes?
Logo de cara, já vamos citar os problemas óbvios disso. Primeiramente, a “nova” geração seria composta apenas por irmãos, enquanto que a segunda seria de apenas primos. E diversos estudos já comprovaram que o cruzamento de parentes de primeiro e segundo graus não costuma ter resultados agradáveis.
Por exemplo, um estudo conduzido na República Tcheca, com crianças que nasceram a partir de parentes próximos, entre os anos de 1933 e 1970, mostrou um alto nível de mortalidade infantil, além de diversos casos de deficiência física e/ou mental.
Já na ilha de Pingelap, na Micronésia, boa parte da população possui um tipo de daltonismo raro, que faz seus portadores enxergarem apenas em preto e branco. O motivo é que no ano de 1780, um tsunami quase causou a extinção dos moradores do local, e apenas 20 pessoas (incluindo o Rei) tiveram de repovoar a ilha.
Carlos II, Rei da Espanha entre 1665 e 1700, tinha diversas deficiências físicas, intelectuais e emocionais, condições que o fizeram ser conhecido pelo nome de Carlos, o Enfeitiçado. Cientistas espanhóis afirmaram que as causas desses problemas foram “coeficientes consanguíneos”. Em outras palavras, ele herdou diversos genes idênticos de seus pais.
Esses tipos de doenças genéticas costumam ser causadas quando duas cópias de um mesmo gene são passadas pela mãe e pelo pai. E se eles ainda são irmãos, as chances dos genes serem parecidos são ainda maiores, e tais problemas poderiam se propagar para diferentes gerações.
Um dos lados positivos da diversidade genética é que isso permite uma espécie a superar esses problemas e conseguir se adaptar à mudanças no ambiente, algo que é perdido com cruzamentos próximos. Ou seja, repovoar o planeta seria algo bem complicado.
Apesar de todo o lado negativo que cerca o assunto, existem exceções. Por exemplo, a história humana já mostrou que pequenas civilizações já cresceram e conseguiram superar esses problemas genéticos. A comunidade huterita, que mora no norte dos Estados Unidos, já possui 45 mil membros e descendem de apenas 18 famílias.