O presidente Donald Trump manifestou, na última quinta-feira (11), sua frustração com a questão da imigração durante encontro com congressistas no Salão Oval, quando eles discutiam sobre garantir a entrada nos EUA de imigrantes do Haiti, de El Salvador e de países africanos, como parte de um acordo migratório. A informação é do jornal The Washington Post.
“Por que estamos recebendo todas essas pessoas de países de m…”, disse o presidente, referindo-se aos imigrantes dos países citados pelos congressistas. Então, Trump sugeriu que os EUA poderiam trazer mais pessoas de países como a Noruega, cuja primeira-ministra ele recebeu na quarta-feira. O presidente, segundo um funcionário da Casa Branca, também sugeriu que os EUA poderiam receber mais imigrantes de países asiáticos, pois eles poderiam ajudar os EUA economicamente.
Trump citou explicitamente o Haiti ao dizer aos congressistas que os imigrantes desse país deveriam ser deixados de fora de qualquer acordo, disseram as fontes. “Por que precisamos de mais haitianos?”, questionou Trump, segundo pessoas que participaram da reunião. “Deixe-os fora”, acrescentou.
Os congressistas americanos ficaram chocados com os comentários, disseram pessoas que presenciaram as reações. Os senadores Lindsey Graham (republicano) e Richard Durbin (democrata) propuseram cortar em 50% o programa de sorteio de permanências e dar prioridade aos países que já estão no sistema, disse um funcionário da Casa Branca.
Repressão
Uma porta-voz presidencial defendeu a posição de Trump sobre a imigração, sem mencionar diretamente as declarações do presidente. Durante sua campanha e presidência Trump adotou duras posições sobre a imigração, prometendo construir um muro na fronteira com o México e reduzir à metade a imigração legal, entre outras posições.
Funcionários do Departamento de Segurança Interna dos EUA ampliaram as operações anti-imigração desde o início do mandato de Trump. Esta semana, dezenas de lojas de conveniência da rede 7-Eleven em 17 Estados foram alvo das operações. Os donos das franquias são acusados de contratar imigrantes em situação ilegal.
‘Racismo’, segundo embaixadores africanos
Um grupo de embaixadores da África nas Nações Unidas emitiu na noite de sexta-feira uma declaração conjunta na qual condenam os “comentários ultrajantes, racistas e xenófobos” pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Eles também exigem retratação do líder americano e um pedido formal de desculpas.
Samantha Power, ex-embaixadora dos EUA na ONU, compartilhou o texto no Twitter e deu apoio à manifestação. “Nunca vi uma declaração como esta por países africanos em direção aos Estados Unidos”, comentou.
A declaração foi redigida pelos embaixadores africanos em uma reunião de emergência, convocada após Trump supostamente ter usado uma linguagem vulgar em relação aos países da região.
Separadamente, o presidente de Gana, Nana Akufo-Addo, chamou a observação de Trump de “extremamente infeliz” e disse que a África não vai aceitar “tais insultos, mesmo de um líder de um país amigo, por mais poderoso que ele seja”.