A ciência já sabia que viagens espaciais podem afetar o corpo de astronautas das mais diversas formas, como a perda de massa muscular. No entanto, um estudo publicado nesta semana, no The New England Journal of Medicine, acaba de comprovar que até mesmo o cérebro tem seu tamanho afetado após um longo período do espaço.
Neste estudo, conduzido por pesquisadores da Alemanha, Bélgica e Rússia, o cérebro de 10 astronautas que passaram um longo período de tempo no espaço passaram por análises que descobriram mudanças nas massas branca e cinzenta do cérebro.
Os cientistas conduziram ressonâncias magnéticas nos cérebros dos astronautas alguns dias antes da viagem, logo depois do retorno e sete meses após a chegada ao nosso planeta. Todos eram homens, tinham idade média de 44 anos e passaram em torno de 189 dias na Estação Espacial Internacional.
O foco deste estudo era analisar qualquer mudança registrada em três variáveis: o volume das massas branca e cinzenta e do fluido cerebroespinal.
Vale lembrar que a massa cinzenta, que compõe a parte exterior do cérebro, contém os neurônios e outras células de suporte, enquanto que a massa branca, que fica na parte interior, possui os axônios, os prolongamentos das células nervosas que fazem a conexão entre elas.
Após analisarem as ressonâncias magnéticas, os pesquisadores notaram que houve uma redução significativa da massa cinzenta no cérebro dos astronautas. Mas notaram que após meses se passarem, notaram que ela voltou a níveis próximos dos que foram registrados antes do voo.
Já no caso da massa branca, as análises mostraram que também houve uma diminuição em seu tamanho após os astronautas retornarem para a Terra. No entanto, a diferença é que sete meses depois, ela continuou caindo de tamanho.
Por fim, o fluido cerebroespinal também teve resultados diferentes. Nos exames feitos após o retorno, o volume desse líquido estava maior em algumas áreas e menor em outras, em relação aos níveis antes da viagem. Mas sete meses depois, os pesquisadores notaram que o volume voltou a ficar “normal.”
Apesar dos resultados, os cientistas dizem que ainda não sabem precisar, exatamente, o que causou essas mudanças.
“Se essas extensivas alterações vistas nas massas branca e cinzenta causaram mudanças na cognição, é algo que continua incerto no presente”, disse Peter zu Eulenburg, um dos coautores do estudo.