O ano de 2017 acabou de começar, e já imaginamos que a maior parte das pessoas já sabe muito bem o que é a internet e o que é possível fazer nela. Mas não é o que parece. De acordo com uma pesquisa divulgada recentemente, muito brasileiros (e cidadãos de outros países) acreditam que o Facebook e a internet são a mesma coisa.
A pesquisa foi divulgada pela Quartz Media, e é parte do relatório Internet Health Reportv v0.1da Mozilla, empresa responsável pela navegador Firefox. Ela pediu para que pessoas respondessem a seguinte questão: “você concorda com a afirmação seguinte: o Facebook é a internet?”.
O Brasil foi um dos países que tiveram as maiores taxa de respostas positivas: 55% dos entrevistados concordaram com a afirmação. Ou seja, uma parte de nossa população acredita que o Facebook é a internet.
E isso não é exclusividade do Brasil. Em outras nações em desenvolvimento, como Nigéria, Indonésia e Índia, os índices de pessoas que concordaram com a afirmação foi de 65%, 63% e 58%, respectivamente. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos, apenas 5% dos entrevistados concordaram com a afirmação.
“Sem conhecimento da internet, não podemos esperar que as pessoas entendam o que a internet pode fazer por elas, ou por que elas devem se importar (com a internet)”, disse a Mozilla, em tom de preocupação com os resultados apresentados.
Falta de conhecimento digital
Esta pesquisa faz parte de um outro relatório chamado Who Can Suceed Online? (Quem consegue ter sucesso online, em tradução literal), criado com o intuito de avaliar o nível de entendimento das pessoas com relação a internet.
E a visível falta de entendimento da rede não é algo exclusivo de países em desenvolvimento, como o Brasil. Por exemplo, o relatório mostrou que 50% da força de trabalho na Europa não tem conhecimento digital apropriado para o mercado de trabalho. Este índice é ainda maior em nações periféricas do continente, como Turquia e Macedônia, com valores acima de 65%.
Monopólio e falta de acessibilidade
A pesquisa também apontou alguns casos assustadores de monopólio na rede mundial de computadores. Por exemplo, o Google é responsável por mais de 75% das pesquisas feitas na internet, e por 95,5% das que são feitas em smartphones. “Isso dá à empresa uma vantagem ímpar na hora de vender publicidade online com base nos gostos das pessoas”, afirma a Mozilla.
O próprio Facebook é outro exemplo de monopólio. É a rede social que concentra o maior número de usuários no mundo (1,7 bilhão), além de ser dona das outras duas que compõem o pódio das primeiras colocadas: WhatsApp e Messenger, com 1 bilhão, cada.
Outro problema constatado é a acessibilidade da internet com relação a idiomas. Estima-se que 25% do planeta consiga entender inglês, só que 52% dos sites do mundo estão disponíveis na língua.
Quem enfrenta um problema ainda pior é o chinês. Apesar de ser a segunda maior língua da internet, apenas 2% dos sites na rede estão disponíveis no idioma.
Isso sem falar das próprias desigualdades sociais encontradas na internet. 58% da população mundial não tem condições de pagar por uma conexão de internet banda larga, e 40% não conseguem adquirir até mesmo uma conexão móvel, a partir de um smartphone.
“Nos piores casos, a internet pode reforçar e exacerbar as desigualdades, divisões e práticas discriminatórias existentes – e pode até introduzir novas ameaças”, concluiu a Mozilla.