A derrota por 7 a 1, sofrida pela Seleção Brasileira de Futebol contra a Seleção Alemã de Futebol na Copa do Mundo de 2014, entrou para a história. São tantos fatos curiosos que envolvem essa icônica partida que o chamado ‘Mineiraço’ já se tornou algo da cultura popular do futebol.
A partida acontecia há dois anos, em 8 de julho de 2014, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Cerca de 58 mil pessoas estiveram presentes – a maior parte composta por brasileiros, visto que a Copa do Mundo de 2014 foi disputada no Brasil.
Veja, abaixo, algumas curiosidades relacionadas ao 7 a 1, Mineiraço ou, simplesmente, o maior vexame sofrido pelo Brasil no futebol:
1) Recordes absolutos
Foi a maior derrota sofrida pelo Brasil, superando, em número de gols marcados, a derrota de 6 a 0 sofrida pelo Uruguai, no Campeonato Sul-Americano de 1920.
Com isso, obviamente, também se tornou a pior derrota da história do Brasil em Copas do Mundo. A anterior era de 3 a 0, para a França, na final da Copa do Mundo de 1998.
O 7 a 1 também foi a pior derrota de um anfitrião em Copas do Mundo. Superou um 5 a 2, feito pelo próprio Brasil, contra a Suécia, na final da Copa do Mundo de 1958.
2) As honras do anfitrião
Desde o ano de 1939, o Brasil não sofria cinco gols em casa. A última vez havia sido em 15 de janeiro daquele ano, quando perdeu por 5 a 1 da Argentina, na Copa Rocca.
3) O maior artilheiro das Copas
Um recorde particular também mostrou a superioridade da Alemanha, mesmo que de forma relativa, com relação ao Brasil. O segundo gol do 7 a 1 foi marcado pelo atacante Miroslav Klose, que, com isso, chegou ao 16º gol em Copas do Mundo e superou Ronaldo Fenômeno como o maior artilheiro das Copas.
4) Atacante ineficiente
Jogador que deveria ser o responsável pelos gols, o centroavante Fred, do Brasil, marcou um recorde curioso. De acordo com um mapa de calor divulgado pelo jornal Daily Mail, o maior número de vezes que ele tocou na bola foi no círculo central, ao colocar a bola em jogo após os gols que a seleção sofreu.
5) Quebrando a internet
O 7 a 1 foi o evento esportivo mais comentado em redes sociais na história da internet, com 35,6 milhões de publicações feitas no Twitter e 200 milhões de postagens e comentários realizados no Facebook. No Twitter, o recorde era do Super Bowl de 2013, com 24,9 milhões de tweets.
6) Números magros?
Apesar do domínio da Alemanha no placar, as estatísticas da partida, analisadas friamente a partir somente dos números, não indicam um poder alemão tão forte. A equipe alemã finalizou a gol apenas 10 vezes, enquanto o Brasil chutou a gol oito vezes. O problema foi a felicidade em quase todas as finalizações.
Veja a tabela com as estatísticas:
Estatísticas | Brasil | Alemanha |
---|---|---|
Gols marcados | 1 | 7 |
Finalizações | 18 | 14 |
Finalizações a gol | 8 | 10 |
Posse de bola | 52% | 48% |
Faltas cometidas | 11 | 14 |
Impedimentos | 3 | 0 |
Cartões amarelos | 1 | 0 |
Cartões vermelhos | 0 | 0 |
7) Desfalques e equívocos
Há quem diga que dois desfalques brasileiros fizeram a diferença para que o placar fosse tão negativo. O zagueiro e capitão Thiago Silva estava suspenso e o atacante Neymar ficou lesionado. Ambos os fatos aconteceram em decorrência da partida anterior, contra a Colômbia, pelas quartas-de-final da Copa do Mundo. Os jogadores eram dois dos nomes mais representativos da seleção brasileira.
Thiago Silva foi substituído por Dante, de forma previsível, mas para o lugar de Neymar, craque do time, entrou o jovem Bernard. A ideia do técnico Luiz Felipe Scolari era manter o esquema tático baseado no 4-2-3-1, mas o porte físico e a disparidade técnica de Bernard com relação a Neymar fizeram com que a substituição não funcionasse.
8) Tumultos
À época, não foi muito noticiado, mas existia um medo muito grande de que o resultado humilhante sofrido pela Seleção Brasileira dessa origem a uma onda de tumultos. Torcedores alemães tiveram que ser escoltados para fora do Mineirão e o efetivo policial foi aumentado ao longo da partida.
Os problemas aconteceram: alemães e brasileiros se enfrentaram no Mineirão e três foram detidos. Torcedores colocaram fogo em bandeiras do Brasil em ruas de São Paulo (SP) e Joinville (SC). Ainda na capital paulista, uma loja de eletrônicos foi saqueada e alguns ônibus foram queimados.
9) Reestruturação
A Alemanha passou por uma situação semelhante 12 anos antes, justamente contra o Brasil. A seleção canarinho venceu a alemã por 2 a 0, na final da Copa do Mundo de 2002. Ok, não foi uma goleada, mas foi o suficiente para que o país europeu repensasse a sua estrutura esportiva.
A principal medida de reestruturação do futebol alemão envolveu as equipes dos campeonatos nacionais. Times da primeira e da segunda divisão do país foram obrigados a ter centros de excelência para o treinamento de jovens. Hoje são mais de 50 centros fiscalizados pela Federação Alemã. Além de ter terminado campeã na Copa de 2014, a Alemanha conquistou dois terceiros lugares, nas Copas de 2006 e 2010.
Desde o 7 a 1, porém, o Brasil não parece ter feito muita coisa. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) passou por uma crise ao ver o ex-presidente José Maria Marin preso e o até então presidente Marco Polo Del Nero investigado, ambos por corrupção. Del Nero ainda exerce poder na CBF, mas se licenciou oficialmente do cargo e o passou para um sucessor, Coronel Antônio Nunes, após uma eleição repleta de jogo político. No futebol, a seleção tem decepcionado, com duas recentes eliminações nos torneios Copa América e a queda do técnico Dunga, após muitos resultados ruins, para a entrada de Tite.
10) Apostas improváveis no 7 a 1
Antes da partida acontecer, ninguém acreditava em uma derrota tão repleta de gols para um lado. Exceto por alguns apostadores de pensamentos inusitados.
Em um site de apostas, oito pessoas apostaram no placar de 7 a 1. Um deles, inclusive, aumentou a precisão e cravou que Sami Khedira, da Alemanha, faria pelo menos um dos gols. Vale destacar que Khedira não é um artilheiro – é um jogador que faz o tipo marcador. Com essa proposta, ele transformou R$ 44 em R$ 102 mil.
Na casa de apostas britânica Paddy Power, quatro pessoas bancaram o 7 a 1 e ganharam. Um dos apostadores investiu US$ 8,50 e acabou colocando US$ 4,2 mil no bolso. (Leia também: 7 curiosidades sobre o lendário Muhammad Ali)