7 fatos sombrios que cercam as origens do Dia das Mães

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O Dia das Mães parece ser um dia de comemoração inofensivo como qualquer outro. É um dia para você presentear sua mãe, comprar algumas flores e dizer o quanto a ama. Mas saiba que a história moderna dessa comemoração possui algumas controvérsias, conflitos e questionamentos sobre o consumo.

Confira abaixo sete fatos sombrios que cercam as origens do Dia das Mães:

1) O Dia das Mães começou como um movimento antiguerra

Anna Jarvis é creditada como a criadora do Dia das Mães nos Estados Unidos. Ele foi designado para o segundo domingo de maio pelo presidente Woodrow Wilson, em 1914, e se popularizou no planeta, deixando de lado até mesmo tradições de outros lugares. Jarvis sofreu bastante para defender sua posição como a “Mãe do Dia das Mães” e manter o foco do dia como uma forma dos filhos celebrarem suas mães.

Retrato de Anna Jarvis
Retrato de Anna Jarvis

Mas outras pessoas já tiveram essa ideia anteriormente, com outros pensamentos.

Julia Ward Howe, uma famosa escritora, promoveu o Dia da Paz das Mães em 1872. Para Howe e outras ativistas antiguerra (incluindo a própria mãe de Jarvis), o Dia das Mães foi utilizado como uma forma de promover uma união global, após os horrores da Guerra Civil Americana e a Guerra Franco-Prussiana na Europa.

“Howe pediu para que as mulheres se juntassem, uma vez por ano, em salões e igrejas, para escutarem sermões, ensaios, cantarem hinos e/ou rezar. Tudo em nome da promoção da paz”, disse Katherine Antolini, historiadora da West Virgina Wesleyan College.

Diversas cidades americanas, como Boston, Nova Iroque, Filadélfia e Chicago, realizaram serviços do Dia das Mães, anualmente, no dia 2 de junho, até 1913, disse Antolini.

Esses movimentos iniciais do Dia das Mães eram populares apenas entre ativistas da paz, e foram caindo em declínio quando o dia tomou outras proporções.

2) Um técnico de futebol americano promoveu uma versão anterior do Dia das Mães – e foi acusado de “sequestrá-lo”

Frank Hering, um técnico de futebol americano da Universidade de Notre Dame, também propôs a ideia do Dia das Mães antes de Anna Jarvis. Em 1904, ele foi até a cidade de Indianapolis para defender a ideia de “um dia do ano, em escala nacional, para celebrar a memória das mães e a maternidade”.

Hering não sugeriu um dia específico ou mês para a data, apesar de preferir que o dia caísse em um domingo. A organização que escutou a proposta do técnico aceitou o desafio. Atualmente, a Ordem Fraterna das Águias garante que criou a data, ao lado de Hering.

Anna Jarvis não gostou da ideia de que o Dia das Mães tinha Hering como um “pai”. Ela tentou acabar com a reputação do técnico, ao lançar, em 1920, uma declaração intitulada “Sequestro do Dia das Mães: Você será cúmplice disso?”

Katherine Antolini diz que Jarvis, que não teve filhos, agiu, parcialmente, pensando no seu ego. “Ela assinava tudo como ‘Anna Jarvis, fundadora do Dia das Mães’. Era isso que ela era.”

3) Roosevelt criou uma estampa do Dia das Mães. Ou pelo menos tentou

Woodrow Wilson não foi o único presidente americano a criar uma estampa para o Dia das Mães. Franklin Roosevelt criou a sua própria, em 1934, para celebrar a data.

Ele optou por utilizar uma estampa, que foi originalmente criada para honrar o pintor James Abbott McNeill Whistler, e era ilustrada pelo quadro “Mãe de Whistler”, um retrato da mãe do artista, Anna McNeill Whistler. Junto da imagem, uma mensagem do presidente: “Pela memória e em honra de todas as mães da América.”

Anna Jarvis não aprovou o design escolhido por Rooselvet, e recusou que as palavras “Dia das Mães” aparecessem na estampa. “No geral, ela achou a estampa feia”, disse Antolini.

4) A fundadora da data detestava aqueles que utilizavam o Dia das Mães para arrecadar dinheiro

Desde os primeiros anos do Dia das Mães, alguns grupos aproveitavam a data para arrecadar dinheiro para caridade, incluindo ajudar mães em necessidade. Só que Anna Jarvis detestava isso.

“Ela chamava essas caridades de piratas cristãos. Hoje, muitos de nós julgamos que foi incrível utilizar o dia para levantar fundos e dar suporte a mães pobres, famílias de veteranos da Primeira Guerra Mundial ou qualquer outro grupo que precisasse de ajuda. Mas ela (Jarvis) odiava isso”, disse Antolini.

Ainda de acordo com Antolini, o motivo do ódio de Jarvis é que ela acreditava que os responsáveis por arrecadar dinheiro não eram pessoas confiáveis, e que não entregariam a ajuda para quem estivesse precisando. “Ela tinha ressentimento da ideia de que pessoas utilizassem o dia como outra maneira de ganhar dinheiro.”

5) A mãe do Dia das Mães perdeu tudo para proteger a data

Não demorou muito para que o Dia das Mães se tornasse algo comercial, e Jarvis fez de tudo para lutar contra o que ele se tornou.

“Transformar o Dia das Mães em uma data para se gastar dinheiro com presentes, como aconteceu com o Natal e outras datas especiais, não é o nosso objetivo. Se os cidadãos americanos não estão dispostos a proteger o Dia das Mães das pessoas que só querem ganhar dinheiro e seus planos ambiciosos, então devemos parar de celebrá-lo – e sabemos como”, escreveu Jarvis, em 1920.

Jarvis nunca lucrou um centavo com o dia, apesar das diversas oportunidades que teve, por conta de seu status como celebridade menor. Na realidade, ela quebrou financeiramente, devido aos seus esforços para acabar com a comercialização da data.

Com a saúde precária e sua estabilidade emocional em jogo, ela morreu pobre, aos 84 anos, após viver os últimos quatro anos de sua vida em um sanatório, afirma Antolini.

6) Batalhas judiciais sobre o Dia das Mães

Anna Jarvis sempre considerou o Dia das Mães uma propriedade legal e intelectual de sua parte, e nunca pensou duas vezes em defendê-lo na justiça.

“Qualquer caridade, instituição, hospital, organização ou negócio que utilizar o nome do Dia das Mães, seus trabalhos, emblemas e celebrá-lo para ganhar dinheiro ou conseguir vendas devem ser considerados impostores pelas autoridades legais”, afirmou Jarvis, em alguns comunicados que sempre divulgava.

Antolini diz que é difícil precisar todas as ações judiciais que Jarvis prestou, mas um artigo da revista Newsweek, em 1944, afirmou que existiam 33 ações judiciais voltadas para a data, na época.

7) Dar flores é uma tradição original que persiste até hoje

Por fim, um fato que, na realidade, não é sombrio.

O Cravo Branco era a espécie de flor preferida da mãe de Anna Jarvis, e era originalmente a que representava o Dia das Mães.

Cravo Branco
Cravo Branco

“O cravo não deixa suas pétalas caírem, mas ela as abraça ao seu coração, enquanto ela morre. Da mesma forma, as mães abraçam seus filhos aos seus corações, já que o amor de uma mãe nunca morre”, afirmou Jarvis, em 1927.

Essa talvez seja a única ideia e tradição defendida por Jarvis que persiste até hoje.

Fonte: National Geographic
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