Entenda as razões e motivos da crise na Venezuela

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Já faz algum tempo que a Venezuela está mergulhada em uma crise política e financeira das mais graves. As tensões continuam altas e parece não haver sinais de que elas terminarão tão cedo.

As taxas de inflação da Venezuela, que atualmente são as maiores do mundo, devem chegar a incríveis 1.660% em 2017, de acordo com previsões do Fundo Monetário Internacional. Governo e oposição responsabilizam um ao outro pela difícil situação da economia, além das acusações de tentativas de golpe.

Afinal, quais são as causas da crise Venezuelana?

Por que a Venezuela está tão dividida?

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Fonte: AFP

A Venezuela, atualmente, está dividida em dois grandes grupos: Os Chavistas, fiéis adeptos das políticas socialistas do ex-presidente Hugo Chavez, e aqueles que não vêm à hora de encerrar os 18 anos de poder do Partido Socialista.

Após a morte de Chavez, que aconteceu em 2013, Nicolas Maduro, braço-direito do ex-presidente, foi eleito para o cargo, e prometeu continuar com as políticas de seu antecessor.

Os Chavistas dizem que os dois homens foram responsáveis por utilizar as reservas de petróleo do país para diminuir as desiguais sociais e tirar muitos venezuelanos da pobreza.

Já a oposição afirma que desde que chegou ao poder, em 1999, o Partido Socialista desgastou as instituições democráticas do país e gerenciou mal a economia venezuelana.

Em troca, os Chavistas acusam a oposição de ser elitista e explorar os venezuelanos pobres, bem como de serem “aliados” dos Estados Unidos, país com o qual a Venezuela possui relações tensas.

Por que a popularidade de Maduro vem caindo?

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Fonte: Reuters

Nicolas Maduro não tem sido capaz de inspirar os Chavistas da mesma forma que seu antecessor. O motivo é a constante queda dos preços do petróleo.

Dados oficiais do governo dizem que 95% do lucro obtido com as exportações de petróleo são utilizados para bancar os generosos programas sociais do país, que deram novas casas para mais de um milhão de venezuelanos.

Mas a queda nos preços forçou o governo a cortar custos de seus programas sociais, o que fez diminuir o apoio dessa parcela da população. Uma pesquisa recente feita no país mostra que 75% dos venezuelanos estão insatisfeitos com o governo de Maduro.

O que a oposição quer

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Fonte: AFP

A oposição pede a saída imediata de Maduro do poder e que novas eleições aconteçam. Eles culpam o presidente pela crise econômica e argumentam que apenas uma mudança de liderança colocará a Venezuela de volta aos trilhos.

Os oposicionistas também dizem que a péssima administração do governo e suas políticas socialistas causaram inflação descontrolada, escassez de alimentos e suprimentos médicos e cortes de energia.

Outro argumento utilizado pela oposição para atacar o governo é que ele deveria ter guardado dinheiro quando os preços do petróleo estavam altos, justamente para ter uma reserva quando eles estivessem baixos.

Há uma maneira de remover Maduro do poder?

De acordo com a constituição venezuelana, um referendo pode ser feito após o presidente concluir metade de seu mandato e se os três seguintes passos forem seguidos pela oposição: nos dois primeiros, a realização de duas petições com os eleitores dos 24 estados do país, e o terceiro é o referendo em si.

A oposição já havia conseguido completar a primeira parte do processo, e iria começar a segunda no final de outubro do ano passado. Mas ela foi suspensa por autoridades eleitorais, após suspeitas de fraude na etapa anterior.

O anúncio foi recebido como um insulto pela oposição, que tem acusado o Conselho Eleitoral Nacional de ajudar o governo e tentar causar qualquer tipo de adiamento do processo.

Maduro irá enfrentar um processo?

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Fonte: AP

Após a suspensão do referendo, a Assembleia Nacional, que é composta em sua maioria pela oposição, pediu para que o povo venezuelano se mostrasse a favor da defesa da constituição.

A assembleia também aprovou uma resolução que declara que a Venezuela sofreu um golpe de estado e que a ordem constitucional não existe mais.

A resolução também pediu a ajuda de organizações internacionais para defender a população venezuelana; a nomeação de novos juízes para a Suprema Corte e novos membros para o Conselho Nacional Eleitoral; e um pedido para o exército desobedecer qualquer ordem considerada inconstitucional ou que seja contra os direitos humanos.

A Assembleia Nacional também votou a favor de um julgamento político e criminal contra Maduro. Mas analistas acreditam que ele não deve ir para frente, pois a Suprema Corte declarou as ações da assembleia nulas até que três legisladores, acusados de terem vendido seus votos, sejam removidos da casa.

Há alguma chance de diálogo?

Após um encontro entre o presidente Maduro e o Papa Francisco, o Vaticano, em conjunto com a União das Nações Sul Americanas, iniciaram uma rodada de conversas entre o governo e oposição, no final de outubro. Mas os opositores encerram o diálogo pouco tempo depois, em dezembro.

O líder da oposição, Henrique Caprilles, disse, antes mesmo do início das conversas, que Maduro quis usar a boa vontade do Papa para ganhos pessoais. Caprilles também acredita que o diálogo foi uma espécie de “armadilha” que desmobilizou a oposição, justamente em um momento que eram realizadas grandes manifestações.

Em outra troca de acusações, o vice-presidente do Partido Socialista, Diosdado Cabello, acusou a oposição de tentar utilizar o diálogo como uma forma de “esconder” seus planos para tirar Maduro do poder à força.

Esforços anteriores de um grupo de ex-líderes internacionais para promover tentativas de diálogo entre os dois lados também não deram qualquer tipo de resultado.

Fonte: BBC
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