Seriam os fantasmas reais? As evidências ainda não se materializaram

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Se você acredita em fantasmas, saiba que existe muita gente que pensa igual a você. Muitas culturas ao redor do planeta acreditam que espíritos sobrevivem à morte, para viver em outro plano. De fato, fantasmas estão entre os fenômenos paranormais mais comuns. Por exemplo, 43% dos americanos acreditam que fantasmas existem.

A ideia de que os mortos permanecem conosco, na forma de espírito, é antiga, e já apareceu em inúmeras histórias, desde a Bíblia até o conto Macbeth, de Shakespeare. Criou até mesmo um gênero de folclore: histórias de fantasmas. A crença em fantasmas é uma parte de uma enorme rede de crenças no paranormal, o que inclui experiências de quase morte, vida após a morte, e comunicação com espíritos. E eles chegam até mesmo a oferecer conforto para muitas pessoas – quem não gostar de imaginar que membros falecidos de nossas famílias não estão os olhando e nos acompanhando em momentos de necessidade?

Muitas pessoas tentaram (ou afirmam) se comunicar com espíritos há décadas. Na Inglaterra da era Vitoriana, por exemplo, era comum realizar encontros para tentar conversar com espíritos. Clubes dedicados para encontrar evidências fantasmagóricas foram formados em universidades de prestígio, como Cambridge e Oxford, e em 1882, foi fundada a Society for Psychical Research, voltada para pesquisas psíquicas e paranormais. Eleanor Sidgwick, que já foi presidente dessa organização, pode ser considerada a “caça-fantasma” original. E nos Estados Unidos, no final do século XIX, diversos médiuns afirmaram conseguir conversar com os mortos, mas posteriormente se tornaram farsas, após denúncias de investigadores como Harry Houdini.

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Mas foi recentemente que a caça por fantasmas se tornou um assunto de grande interesse da população mundial.  A culpa disso pode ser creditada pelo programa Caçadores de Fantasmas, que no Brasil é transmitido pelo canal SyFy. Apesar do show não mostrar evidências concretas sobre a existência de fantasmas, diversas cópias e spin-offs dele foram criados, e há um fator que o ajuda a ser popular: ele garante que qualquer pessoa pode encontrar fantasmas.

As duas estrelas originais do show são caras comuns (no caso, encanadores) que decidiram procurar evidências de espíritos. A mensagem que passam é a seguinte: você não precisa ser um cientista de renome, ou ter algum treinamento em ciência ou investigação. Basta ter um tempo livre, um lugar sombrio, e alguns equipamentos de uma loja de eletrônicos. Qualquer fonte de luz misteriosa ou barulho já é uma evidência da existência de fantasmas.

A ciência e lógica por trás dos fantasmas

Uma dificuldade de examinar, cientificamente, a existência de fantasmas é que vários tipos de fenômenos são atribuídos a eles, como portas que se fecham sozinhas ou um corredor que está frio. Só que os psicólogos Dennis e Michele Waskul entrevistaram diversas pessoas que viveram essas experiências, e descobriram que muitos participantes, no fundo, não tinham certeza se realmente viram um fantasma, e se fenômenos paranormais são possíveis, por não terem visto nada que se aproxime de nossa visão convencional de um fantasma.

Na realidade, muitos participantes estavam apenas convencidos que viram algo estranho, que é inexplicável, extraordinário ou misterioso. Ou seja, essas pessoas não viram, necessariamente, algo que as demais iriam reconhecer com o “clássico fantasma”, e podem ter vivenciado um tipo de experiência completamente diferente.

Experiência pessoal é uma coisa, enquanto que evidência científica é outra. A dificuldade de investigar fantasmas, nessa área, é que não existe um consenso universal sobre a definição de fantasma. Muitos dizem que eles são os espíritos dos mortos, e que estão perdidos. Já outros afirmam que eles são entidades telepáticas, que são projetas no mundo por nossas mentes.

Isso sem contar que muitos já criaram categorias para tipos de fantasmas, como poltergeists, assombrações residuais, espíritos inteligentes e pessoas sombrias. É o mesmo que especular raças de fadas e dragões.

Existem muitas contradições sobre a ideia do que é um fantasma. Por exemplo, eles são materiais ou não? Eles podem se mover através de objetos sólidos ou realmente conseguem fechar uma porta ou atirar objetos sólidos? De acordo com a lógica e as leis da física, fazer os dois ao mesmo tempo é impossível. E se eles são as almas de seres humanos, por que aparecem vestidos? Isso sem contar a história de trens, carruagens e carros fantasmas.

Se os fantasmas são os espíritos daqueles que não tiveram suas mortes vingadas, por que existem assassinatos sem solução, já que eles poderiam se comunicar com médiuns e identificar seus assassinos? Esse é um entre os vários exemplos que tiram qualquer motivo lógico da existência de fantasmas.

Apesar disso, muitos pesquisadores afirmam que a razão de não conseguirmos provar a existência de fantasmas é que nós, simplesmente, ainda não possuímos a tecnologia necessária para encontrar ou detectar o mundo dos espíritos. Mas isso também pode estar incorreto: ou os fantasmas existem e aparecem em nosso mundo físico (e podem ser detectados em fotografias e vídeos), ou não existem. Se eles realmente estão entre nós e podem ser descobertos cientificamente, então precisamos encontrar logo evidências que sustentam essa ideia. Se isso não for possível, então qualquer tipo de prova e evidência sobre fantasmas não se tratam de fantasmas.

Com tantas teorias contraditórias – e pouca ciência para sustentar esse tópico – não é uma surpresa que, apesar dos esforços de diversos caçadores de fantasmas na televisão e nas últimas décadas, nenhuma evidência concreta da existência de fantasmas foi encontrada. Isso sem contar os diversos aplicativos que ajudam a criar imagens fantasmagóricas, o que dificulta a vida de pesquisadores em separar a ficção do real.

Por que tantos acreditam?

Existem diversos motivos para muitos acreditarem em fantasmas. Um deles é por alguma experiência pessoal, pois é comum pessoas serem criadas em famílias que afirmam conviver com espíritos amigáveis, por exemplo. No entanto, muitos afirmam que a existência de fantasmas não é baseada na ciência, mas sim na física moderna. Existe um rumor de que Albert Einstein sugeriu uma base científica para a realidade dos fantasmas, inspirada na Primeira Lei da Termodinâmica: se a energia não pode ser criada ou destruída, mas apenas mudar de forma, o que acontece com a energia de nosso corpo, quando nós morrermos? Será que ela pode ser manifestada na forma de fantasma ou espírito?

Parece ser uma suposição razoável, ao menos que você entenda o básico da física. A resposta para isso é bem simples, sem qualquer tipo de mistério: quando morremos, nossa energia vai parar no ambiente. Ela é liberada na forma de calor, e é transferida para os animais e plantas ao nosso redor. Não existe uma energia que sobrevive o suficiente para ser detectada em aparelhos para caçar fantasmas.

Enquanto que muitos caçadores amadores imaginam que estão acima das pesquisas, eles estão, na realidade, se engajando no que folcloristas chamam de ostensão. É basicamente uma forma de brincar e encenar com lendas e mitos, e isso geralmente envolvem fantasmas e elementos sobrenaturais.

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Se os fantasmas são reais, seja por alguma forma de energia ou entidade, sua existência precisa ser descoberta por cientistas, atrás de experimentos controlados. E não por caçadores de fantasmas, que passam o final de semana andando tarde da noite em casas abandonadas, com câmeras e lanternas.

No final das contas (apesar das toneladas de fotos, vídeos e sons que provam o contrário) a evidência da existência de fantasmas não é melhor que ano passado, década passada ou século passado. Existem duas razões para que os caçadores não consigam encontrar boas evidências: a primeira é que fantasmas simplesmente não existem, e suas aparições podem ser explicadas pela psicologia, percepções equivocadas, erros e brincadeiras. A segunda é que eles realmente existem, mas os caçadores são apenas incompetentes, e precisam trazer mais ciência para seus trabalhos.

A caça por fantasmas não é sobre evidências (se fosse assim, a pesquisa já deveria ter sido abandonada há muito tempo). Ao invés disso, é sobre se divertir com seus amigos, contar histórias, e o prazer em pretender estar procurando algo desconhecido. No final das contas, muitos de nós gostamos de histórias desse tipo.

Fonte: Livescience
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