Quais são as verdadeiras razões por trás do vício em drogas?

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Explicar como que é desencadeado o vício em drogas ainda é um assunto muito difícil e complicado. Muitos acreditam que se trata de uma busca constante pelo prazer. Mas já ficou comprovado que os efeitos de drogas como heroína ou cocaína diminuem com seu uso prolongado. Além disso, outras drogas estimulantes, como a nicotina, não conseguem reproduzir a sua esperada euforia em usuários regulares.

Então, o que exatamente causa o vício em drogas?

Mitos sobre o vício

Existem duas explicações populares sobre o vício, que não costumam ser muito bem aceitas. A primeira afirma que o uso compulsivo de drogas se transforma em um hábito, mesmo que seja ruim, no nosso cérebro, da mesma forma que nos acostumamos a amarrar o cadarço de nossos sapatos ou escovar nossos dentes.

Já a outra explicação afirma que é a culpa é da abstinência, que é muito difícil de ser superada pelos viciados. O simples fato de eliminar as drogas do corpo pode desencadear efeitos como suor, calafrios, ansiedade e palpitações no coração.

Só que até mesmo para drogas pesadas como a heroína, é possível superar parte dos efeitos da abstinência em duas semanas. Isso sem falar que muitas drogas produzem sintomas que são considerados apenas moderados.

O prazer, hábitos ou abstinência estão, sim, envolvidos com vício em drogas. Só que existem outros fatores que podem ser citados além deles.

Prazer contra desejo

Ainda na década de 80, pesquisadores descobriram que comida, sexo e drogas são capazes de liberar a dopamina em certas áreas do cérebro, que seriam responsáveis pelo nosso prazer. Só que desde então, essa ideia foi descartada. Sim, o cérebro possui locais de prazer, mas eles não são regulados pela dopamina.

Posteriormente, descobriu-se que o “gostar” e o “querer” são duas experiências psicológicas distintas. O “gostar” é a experiência espontânea de querer comer algo, como um chocolate. Já o ‘”querer” é o desejo que temos quando vemos algum doce ou aperitivo no meio de uma mesa, durante uma reunião.

Acontece que a dopamina é responsável pelo “querer”, e não pelo “gostar”. E o abuso de drogas libera grandes quantidades de dopamina. Por isso que o viciado costuma fazer uso de vários entorpecentes. O uso contínuo faz o “querer” aumentar cada vez mais, enquanto que o “gostar” fica estagnado ou chega até mesmo a diminuir, em um fenômeno conhecido como tolerância.

Viciados involuntários

A recente epidemia de opiáceos produziu aquilo que muitos especialistas chamam de viciados “involuntários”. Os opiáceos (como a oxicodona, paracetamol, hidrocodona e o fentanil) são muito eficazes em aliviar dores quase intratáveis. E também liberam uma grande quantidade de dopamina no corpo.

Muitos indivíduos começam a tomar os opiáceos não por prazer, mas como forma de aliviar suas dores, algo que chega até mesmo a ser uma recomendação de médicos. Qualquer prazer que essas pessoas sentem é por conta do alívio da dor.

No entanto, com o passar do tempo, os usuários costumam desenvolver uma espécie de tolerância. A droga se torna cada vez menos efetiva, e precisam de grandes quantidades da droga para controlar a dor. Isso faz com que essas pessoas liberem grandes quantidades de dopamina no cérebro. Assim, sem perceberem, se tornam viciados na droga e precisam tomar doses maiores aos poucos.

Essas mudanças no cérebro podem durar muito tempo e até mesmo se tornarem permanentes. Pesquisas sugerem que fatores genéticos podem aumentar a predisposição do indivíduo, o que explica por que determinada família costuma ter um histórico de vício em determinada droga.

Vício e escolha

Muitos de nós fazemos uso, regularmente, de certas drogas, como o álcool e nicotina. Nós podemos até mesmo exagerar em sua dose. Só que, em muitos casos, isso não é qualificado como vício. O motivo é que nós conseguimos ter um balanço e escolher alternativas recompensadoras, como passar um tempo com a família e se divertir com hobbies que não envolvam o uso de drogas.

Mas para aqueles que são suscetíveis ao “querer” excessivo, pode ser difícil de manter esse balanço. Uma vez que pesquisadores conseguirem descobrir o que faz um indivíduo ser suscetível a esse tipo de “querer” incontrolável, será possível ajudar médicos a evitarem que exponham seus pacientes a drogas que possuem esse potencial viciante.

Enquanto isso, devemos rever como pensamos a respeito do vício. Em muitos casos, o indivíduo que sofre com o problema possui, sim, o desejo de parar de fazer uso de drogas. Eles sabem como que esse problema causa dor e sofrimento ao seu redor. A questão é que o vício, às vezes, é tão forte que ninguém é capaz de superá-lo sozinho.

É por isso que quem está lutando contra o vício precisa de ajuda e suporte, ao invés de ser excluído da sociedade como um todo.

Fonte: LiveScience
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