Você fala ‘obrigado’ todas as vezes que alguém te ajuda? Um estudo publicado no Royal Society Open Science mostrou que agradecer após alguém fazer algo é mais raro do que se imagina. Entretanto, os pesquisadores acreditam que isso se trata mais de tradições linguísticas do que grosseria.
Os pesquisadores analisaram 1.057 conversas gravadas por câmeras e microfones na casa de pessoas em reuniões de familiares e amigos, em diferentes locais. As conversas foram feitas em oito idiomas, incluindo cha’palaa no Equador, siwu em Gana, lao em Laos, polonês, russo, murrinh-patha na Austrália, italiano e inglês. No geral, a média de agradecimento foi de 1 em 20 ocasiões.
Em todas as conversas, as pessoas eram solícitas em ajudar – na média, as pessoas responderam imediatamente em 88% das vezes, sugerindo que estavam felizes em ajudar. Enquanto cooperar era a regra, expressar gratidão não foi. A palavra obrigado apareceu mais no inglês (14,5% das vezes) e no italiano (13,5%). Em polonês e siwu, porém, quase não apareceu. Já no cha’palaa não há a palavra obrigado.
“Isso não significa que as pessoas são universalmente rudes, nem que aqueles que falam inglês são menos grosseiros do que aqueles que falam outras línguas. Nós não devemos medir o ato de gratidão com o ato de expressar isso”, explicou ao The Guardian o pesquisador chefe do estudo Nick Enfield, da Universidade de Sydney.
“Nas interações informais diárias no mundo inteiro, a norma geral é responder a cooperação de alguém sem dizer explicitamente orbigado, mas simplesmente continuar com as tarefas do outro”, explicam os pesquisadores. “Na verdade, cooperação é a regra: é da nossa natureza pedir ajuda e pagar de volta em bondade, em vez de em palavras. Há um acordo intrínseco de que as pessoas vão cooperar umas com as outras”, finaliza Enfield.