O cientista chinês He Jiankui, que afirma ter criado os primeiros bebês geneticamente modificados da história, anunciou nesta quarta-feira (28), que outra participante do experimento está grávida após edição genética.
Antes da gestação, o embrião teria passado por uma modificação no DNA para impedir que a criança contraia o vírus HIV. Ele também revelou que dará uma pausa em sua pesquisa.
O anúncio ocorreu durante uma conferência internacional em Hong Kong. No domingo, o cientista havia anunciado pelo YouTube que duas bebês gêmeas nascidas a cerca de um mês haviam passado pelo mesmo experimento de edição genética.
He é professor associado da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul, de Shenzhen. Há dois dias, a instituição declarou desconhecer o experimento e decidiu suspendê-lo até 2021. O experimento também é investigado pela Comissão Nacional de Saúde da China.
Na conferência, He defendeu que as crianças foram beneficiadas com a modificação genética. “Necessitam dessa proteção visto que hoje não existe vacina contra o HIV”, disse. O experimento teria sido feito com oito casais voluntários, nos quais os homens eram soropositivos.
O cientista também foi criticado por cientistas e universidades. O presidente da conferência, David Baltimore, vencedor do prêmio Nobel, disse que o caso expõe a “carência de autorregulação da comunidade científica devido à falta de transparência”.
Cientistas apontam, ainda, que alterações no DNA de embriões que serão implantados, podem trazer riscos ao desenvolvimento dos bebês. Em diversos países, como Estados Unidos, a prática é proibida.
“É um avanço verdadeiramente inaceitável”, declarou Jennifer Doudna, da Universidade da Califórnia e uma das inventoras da tecnologia utilizada pelo cientista chinês.