Todos já sabemos que a atmosfera da Terra é composta por uma camada de gases que envolve nosso planeta e é retida pela força da gravidade. Especialistas acreditam que ela possui um limite de 100 km de altitude, a chamada linha Kármán. Mas segundo um novo estudo, ela vai além da Lua.
Essa descoberta foi feita a partir de dados do Observatório Solar e Heliosférico (Soho, na sigla em inglês), uma sonda não-tripulada que pertence tanto à Agência Espacial Europeia quanto a Nasa. De acordo com as informações coletadas por ela, a atmosfera da Terra também possui uma região chamada geocorona, que faz parte da exosfera, a camada mais externa da atmosfera da Terra.
Anteriormente, acreditava-se que a geocorona tinha um limite de 200 mil km, mas segundo a Soho, esses números podem chegar à casa dos 630 mil km, muito além de nossa distância para a Lua, que é de 384 mil km.
Esses dados foram coletados por um instrumento da sonda conhecido como SWAN, que analisa emissões ultravioletas de átomos de hidrogênio, conhecidos como fótons Lyman-alfa. O que também chama a atenção é que essas informações já têm duas décadas de existência (foram coletadas entre 1996 e 1998) e estavam em um arquivo aguardando análise.
Essa camada é tão fina que ela é difícil de ser medida e não é possível observá-la, já que ela é absorvida pelas camadas mais internas da atmosfera. Assim, é necessário o uso de instrumentos para observá-la. Sem sequer, os tripulantes da missão Apollo 16, em 1972, tiraram uma foto em que é possível ver, mesmo que vagamente, a geocorona.
Os dados coletados pela Soho também revelaram um estranho efeito do Sol. No lado do planeta que está de dia, os átomos de hidrogênio são comprimidos pela luz do Sol, o que resulta em uma densidade de 70 átomos por centímetro cúbico, em comparação ao 0,2 átomo na órbita lunar.
Já no lado que está de noite, essa densidade de hidrogênio é ainda maior devido à pressão causada pela radiação solar, o que pode resultar em um fenômeno parecido com o rabo de um cometa.
A descoberta não deve trazer grandes implicações para a exploração espacial. O único porém é que a partir de agora, os telescópios espaciais na região de geocorona precisarão ajustar seus instrumentos para medir os fótons Lyman-alfa para melhorar a observação do espaço sideral.
“Telescópios espaciais que observam o céu em comprimentos de onda ultravioleta para estudar a composição química de estrelas e galáxias terão de levar isso em conta”, disse o astrônomo francês Jean-Loup Bertaux.