Há 33 anos, o maior desastre nuclear da história acontecia na usina de Chernobyl, na Ucrânia. A quantidade de radiação liberada foi tão grande que até hoje as consequências são perceptíveis na região, com a cidade mais próxima, Pripyat, se mantendo deserta até hoje e servindo como um eterno lembrete do poder de destruição da energia nuclear, que pode afetar um lugar por gerações.
Chernobyl possuía quatro reatores nucleares, todos usando a tecnologia russa conhecida como RBMK. O primeiro deles passou a funcionar em 1977 e já em 1982, quatro anos antes do grande desastre, a usina sofreu seu primeiro acidente. Um dos reatores derreteu parcialmente e a usina ficou fechada por meses. As autoridades soviéticas omitiram a informação até o acidente de 1986.
O desastre aconteceu exatamente durante um teste para avaliar possíveis deficiências na segurança de Chernobyl. Duas explosões no reator 4, que devido a problemas de estrutura acabou trabalhando a uma capacidade 10 vezes superior à indicada, espalharam grafite superaquecido pelo ar, além de terem destruído boa parte do complexo.
Trabalhadores da usina e bombeiros que trabalharam no combate ao incêndio morreram dias depois, devido à exposição aos níveis brutais de radiação. O fogo seria controlado com areia, chumbo e boro, jogados a partir de helicópteros, mas as consequências do acidente iriam perdurar por anos.
Mil anos de radiação
As autoridades da União Soviética só admitiram a ocorrência do desastre dois dias depois do ocorrido e só o fizeram porque a emissão brutal de radiação foi detectada na Suécia. Até mesmo o Reino Unido, do outro lado da Europa, percebeu efeitos na flora local, afetada pela radiação.
A cidade de Pripyat, localizada próximo à usina, foi completamente evacuada e permanece deserta até hoje, tendo gerado inclusive um mórbido “turismo nuclear” no local. Os outros três reatores de Chernobyl continuaram funcionando após o desastre. Em 1991, um deles sofreu um incêndio sem maiores consequências, mas que comprometeu seu funcionamento.
Em 1996 e 2000, os outros dois reatores foram fechados. Em 2016, o reator destruído foi envolvido em uma estrutura gigantesca de concreto, conhecida como sarcófago.
Na Ucrânia e na Bielorrússia, até hoje pessoas morrem devido à contaminação, além de gerações inteiras de pessoas e animais terem nascido com problemas físicos devido à exposição à radiação, que segundo especialistas, deve tornar a região inabitável por cerca de mil anos.