Cientistas estão intrigados com o funcionamento de genes do desenvolvimento após a morte. Eles são ativados depois do falecimento, tanto de seres humanos quanto de outros animais.
A morte de um ser vivo acontece quando seus órgãos param de funcionar. As atividades biológicas são encerradas, o que causa o óbito.
O que tem deixado uma pulga atrás da orelha de cientistas é que eles identificaram que mais de mil genes podem funcionar após a morte de peixes e camundongos. E isso também acontece em seres humanos.
A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e publicada no site bioRxiv. Eles conseguiram estudar como esses genes do desenvolvimento são ativados pouco antes do óbito.
Para chegar ao resultado desejado, os pesquisadores observaram quase 37 mil genes de peixes de água doce outros quase 37 mil de camundongos. Em ambas as situações, mais de 500 genes de cada um dos animais continuou ativo até quatro dias após a morte deles.
A situação é muito semelhante à de humanos, de acordo com os especialistas, apesar de estudos feitos diretamente em humanos não terem sido realizados.
Como os genes do desenvolvimento são ativados
Os genes do desenvolvimento são ativados pouco antes da morte, na maioria dos casos, porque possuem funções como ativação do sistema imunológico e combate ao estresse, além de estimular inflamações. É como uma reação natural que o corpo tem quando alguém está próximo de falecer.
Parece lógico – e é mesmo -, mas há alguns casos que deixaram os cientistas um pouco confusos. Até onde se tinha conhecimento, esses genes só eram ativados em embriões, com o intuito de ajudar no desenvolvimento de fetos.
Uma hipótese para justificar essa descoberta é que as condições em que as células de um corpo recém-falecido se encontram são muito semelhantes às de um feto. Porém, ainda não é possível confirmar se essa teoria serve como explicação.
Relação com câncer e transplantes
Os cientistas também descobriram que os genes do desenvolvimento estimulam o desenvolvimento de vários tipos de câncer. Como eles se tornam mais ativos no momento da morte, trata-se de uma reação comum em corpos recém-falecidos.
Vale lembrar que o câncer corresponde a um conjunto de doenças que envolvem o crescimento anormal de células. Os genes em questão estão relacionados ao desenvolvimento, no entanto, em um corpo já desenvolvido – como o de uma pessoa recém-falecida -, a situação poderia desencadear um câncer.
Não faz muita diferença para quem acabou de morrer. No entanto, essa descoberta explica porque órgãos transplantados de pessoas recentemente falecidas têm mais chance de desenvolver câncer.
O maior avanço do estudo está justamente relacionado à forma de conduzir transplantes de órgãos.
Horário da morte
A pesquisa também pode ajudar a desenvolver técnicas para se descobrir o horário de óbito de uma pessoa. Esse avanço pode representar muito para investigações policiais sobre crimes que envolvam mortes.
A etapa deste estudo foi concluída, no entanto, ainda há muito a se descobrir sobre a atividade dos genes de desenvolvimento após a morte.