Desde que nos entendemos por gente, não vamos com a cara de algumas pessoas. Diversas expressões tentam explicar isso, como “o meu santo não bate com fulano” ou “sicrano sempre me olha com a cara feia”.
É comum não ir com a cara de alguém, mesmo que seja somente uma primeira impressão. E, por vezes, as expressões faciais das pessoas comumente rejeitadas em momentos iniciais de determinada interação são muito semelhantes entre si.
A expressão facial de pessoas com as quais não vamos com a cara facilmente ganhou até um termo próprio: é chamada de Resting Bitch Face (RBF). Define-se como “expressão facial que, sem intenções, demonstra raiva, enjôo ou irritação”.
O conceito tem sido estudado por pesquisadores de todo o mundo e é associado a vários fatores, desde genética até estereótipos e concepções culturais. E um aplicativo de cunho científico parece ter conseguido automatizar a Resting Bitch Face.
A empresa Noldus Information Technology estudou a Resting Bitch Face por meio da criação de um programa de computador, chamado Noldu’s FaceReader. A aplicação tem um arquivo de mais de 10 mil rostos humanos e consegue compreendê-las de forma automática, a partir de 500 pontos faciais que mapeiam sentimentos, como felicidade, raiva, medo, tristeza, nojo e desprezo.
O estudo, liderado por Jason Rogers e Abbe MacBeth, utilizou pessoas cujas expressões eram consideradas “neutras” com a de diversos famosos com Resting Bitch Face. Entre as celebridades com “cara de antipático”, estavam Kanye West, Kristen Stewart e Rainha Elizabeth II.
De acordo com o estudo, fotos dessas três celebridades indicaram 6% a mais de emoção que imagens consideradas neutras. E foi justo no item “desprezo” que elas marcaram pontos adicionais.
Em entrevista ao jornal Washington Post, Jason Rogers explicou que a definição clássica da “cara de antipático” é a seguinte: um dos lábios fica ligeiramente puxado para trás e os olhos ficam levemente cerrados.
Questão de gênero
Há quem diga que a Resting Bitch Face seja mais comum entre mulheres. No entanto, o programa Noldu’s FaceReader não identificou essa disparidade: a “cara de antipático” é comum em ambos os gêneros.
De acordo com Abbe Macbeth, a concepção de que mulheres são mais capazes de fazer uma expressão facial antipática é meramente cultural. “Sorrir é mais esperado de mulheres que de homens”, disse.
Ainda segundo Macbeth, trata-se de uma expectativa por parte da sociedade como um todo. “A Resting Bitch Face não necessariamente acontece mais em mulheres, mas nos acostumamos a reparar mais quando acontece com elas porque as pressionamos a serem mais felizes e sorridentes”, afirmou.