A Austrália é conhecida por sua fauna exótica e muitas vezes letal. Segundo uma pesquisa, a fama se justifica, já que algumas aves nativas estariam usando incêndios florestais como ferramenta para facilitar a caça.
A pesquisa foi realizada por ornitologistas do Central Land Council, no Território Norte australiano. Segundo um dos coautores, Bob Gosford, três espécies de aves de rapina estariam ampliando e espalhando incêndios florestais de forma proposital para que os animais saiam da mata e possam ser capturados com maior facilidade. As três espécies são o milhafre-negro, o milhafre-assobiador e o falcão-marrom.
Originalmente publicado em 2016, o estudo de Gosford não convenceu a maioria dos cientistas. Mas novos depoimentos de observadores e até mesmo registros históricos estão convencendo os cientistas.
Gosford explica que os pássaros pegam galhos em chamas com seus bicos e garras e soltam esses galhos em outras áreas da floresta, espalhando o incêndio e fazendo com que a fauna da área fuja das chamas. O último registro dessa atividade por parte dos pássaros é de março de 2017.
As aves incendiárias aparecem em rituais e cerimônias aborígenes, o que indica que a ação incendiária dos pássaros deve ser extremamente antiga. Possivelmente, as aves tenham aprendido a “manipular” o fogo dessa forma até antes dos seres humanos.
Antes de nós
Segundo Alex Kacelnik, especialista em inteligência de pássaros da Universidade de Oxford, no Reino Unido, é possível que os pássaros tenham aprendido a lidar com o fogo antes de nós, seres humanos.
Kacelnik explica que o primeiro uso do fogo por seres humanos data de 400 mil anos atrás. As aves de rapina existem há alguns milhões de anos antes do homem, portanto, devem ter aprendido a técnica incendiária bem antes.
Os cientistas planejam fazer testes em condições controladas na Austrália e em outros lugares do mundo para entender melhor esse comportamento.