O céu e a paisagem da província de Jambi, na Indonésia, ficaram completamente vermelhos, nos fazendo lembrar da superfície do planeta Marte. O motivo? Queimadas nas florestas da região, em um fenômeno que lembra bastante o que aconteceu recentemente em alguns lugares do Brasil, quando o dia foi transformado em noite por uma névoa escura, que vinha carregada pelo vento.
As florestas tropicais da Indonésia, assim como a Amazônia, também sofrem com queimadas, que costumam gerar uma fumaça que pode ser percebida em toda a região sudeste da Ásia. Geralmente essa fuligem vem acompanhada de ardor nos olhos e gargantas, típicos incômodos na saúde, mas o céu vermelho é um fenômeno realmente incomum. A imagem avermelhada foi tirada na província de Jambi, por volta do meio-dia, quando há muita luz.
A abundância de luz criou um efeito visual chamado de Dispersão de Rayleigh, em que a luz se espalha de uma forma específica através das partículas de poeira das queimadas, deixando a paisagem e o céu vermelhos. As primeiras imagens do fenômeno foram feitas por Eka Wulandari, habitante da cidade de Mekar Sari. Ela diz que muita gente na internet duvidou da veracidade das fotos.
Wulandari explica que a fumaça espessa, comum durante as queimadas, estava especialmente forte durante cerca de dois dias, com as fotos sendo feitas no primeiro deles.
Paisagem marciana
O serviço de meteorologia do governo da Indonésia confirmou a grande concentração de fumaça por cima da região onde as fotos do céu vermelho foram feitas. As queimadas geralmente acontecem entre os meses de seca no país, entre julho e outubro. Esse ano, já foram 328 mil hectares de floresta queimados, a maioria por agricultores e grandes empresas agrícolas.
Segundo o professor Koh Tieh Yong, da Universidade de Ciências Sociais de Singapura, normalmente a névoa das queimadas não causa essas alterações visuais por causa do tamanho das partículas. “No entanto, também há partículas menores, com cerca de 0.05 micrômetros ou menos, que não fazem muita neblina mas têm a tendência de dispersar mais a luz vermelha do que a azul — e é por isso que você veria mais vermelho que azul”, explica.