O segredo da juventude parece ser buscado de forma incessante pela sociedade, seja por produtos que prometem renovar a aparência, procedimentos estéticos supostamente milagrosos ou até pesquisas científicas que procuram explicações sobre o envelhecimento. Não é segredo para ninguém que o ser humano é refém do visual.
Cientistas do Centro Médico da Universidade de Erasmus, na Holanda, em parceria com pesquisadores da multinacional Unilever, afirmam ter descoberto o que motiva uma juventude longeva. Ao menos de acordo com os resultados iniciais, a jovialidade não está relacionada somente a a estilos de vida, ambientes ou contextos sociais, mas sim à genética.
De acordo com a recente pesquisa, publicada na revista especializada Current Biology, uma variante do gene MC1R faz com que pessoas aparentem ser até dois anos mais jovens do que realmente são.
A constatação por parte dos cientistas não tem relação com idade cronológica, sexo ou quantidade de rugas apresentada pela pessoa. O gene em questão foi apelidado de “gene ruivo” porque uma variante é encontrada com frequência em pessoas de pele clara, cabelo ruivo e sardas.
É evidente que, por mais que a genética colabore, não adianta nada se a pessoa for fumante ou não tiver hábitos saudáveis no geral.
O gene MC1R
De acordo com o estudo, o gene MC1R possui instruções mapeadas para produzir um receptor chamado melanocortina 1. Esse hormônio peptídeo determina cor de pele, olhos e cabelo nos seres humanos.
Além de estimular a aparência jovial nas pessoas, o gene MC1R também é responsável por comandar respostas naturais a inflamações e reparar DNA com danos. Esse é o ponto mais importante para a sequência desse estudo, pois os pesquisadores buscam entender como essa variante consegue manter as pessoas com determinado aspecto visual.
Os cientistas descobriram, ainda, que a redução na função do gene MC1R está associada à alta sensibilidade ao sol. Consequentemente, há relação com alguns tipos de câncer de pele.
O ‘teste da juventude’
Para chegar a esse resultado, os pesquisadores começaram mostrando a entrevistados fotos sem edição (zero Photoshop) de 2.693 voluntários que não usavam maquiagem. A ideia era que as pessoas tentassem adivinhar a idade de quem estivesse em cada imagem. O resultado da intuição de cada um, então, seria comparado com o dado real.
Depois dessa etapa, o DNA dos 2.693 voluntários foi coletado e investigado para descobrir mutações entre os que pareciam mais jovens. Como resultado, os cientistas descobriram que todas as evidências apontavam para o gene MC1R.
O motivo do efeito do gene MC1R, porém, não foi descoberto. A ideia de que as variantes do gene são capazes de alterar o dano que o sol causa na pele foi descartada.
Contestação
O resultado da pesquisa animou não só os cientistas holandeses, como também boa parte das pessoas com acesso ao estudo. No entanto, para o professor Ian Jackson, da Unidade de Genética Humana do Conselho de Pesquisa Médica da Grã-Bretanha, afirmou que, apesar da descoberta ser interessante, não estamos diante do segredo da juventude.
“O MC1R é o grande gene envolvido em características como cabelo vermelho e pele clara. O estudo tenta dizer que o gene uma influência para fazer você parecer um pouco mais jovem. Isso não tem a ver com a pele clara, mas não tenho tanta certeza”, afirmou Jackson, em entrevista à BBC.
O professor Tim Frayling, da Universidade de Exeter, também destacou que a descoberta foi interessante, mas que os próprios autores entendem que os estudos precisam ser expandidos. “Os autores admitem que precisam encontrar mais variações genéticas para ter alguma chance de prever a aparência de alguém a partir apenas do DNA dessa pessoa”, disse, também à emissora britânica.