Imagine se o vírus da zika, além de ser transmitido entre pessoas por mosquitos urbanos, como ocorre com a dengue, também pudesse infectar macacos selvagens e se tornar endêmico na natureza, como acontece com a febre amarela. Esse é o panorama contemplado por um estudo publicado na revista Scientific Reports.
A pesquisa identificou o vírus da zika em dezenas de micos e saguis mortos em São José do Rio Preto (SP) e na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Os animais foram mortos por pessoas durante a epidemia de febre amarela no Sudeste, no início de 2017, quando havia o medo – injustificado – de que eles fossem os responsáveis por disseminar o vírus.
A pesquisa identificou o vírus da zika em dezenas de micos e saguis mortos em São José do Rio Preto (SP) e na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Os animais foram mortos por pessoas durante a epidemia de febre amarela no Sudeste, no início de 2017, quando havia o medo – injustificado – de que eles fossem os responsáveis por disseminar o vírus.
Os cientistas resolveram investigar as carcaças para ver se os animais estavam mesmo infectados e não encontraram o vírus da febre amarela, mas o da zika, que é um parente próximo. Dos 82 macacos analisados, 32 tinham o vírus. “O vírus saiu dos seres humanos e passou para os macacos”, diz o pesquisador Maurício Nogueira, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), que coordena o estudo.
O receio é de que os macacos se tornem reservatórios selvagens do vírus da zika, o que tornaria a erradicação dele praticamente impossível. Os cientistas ainda coletaram mosquitos Aedes aegypti das mesmas regiões em que os macacos viviam e verificaram que muitos deles tinham o vírus da zika. Por enquanto não há evidências de que tenha havido transmissão de macacos para seres humanos.
“Não sabemos ainda a quantidade de vírus que os macacos podem produzir, e se isso é suficiente para infectar o mosquito de volta”, diz Nogueira.