A vida na Terra começou antes do que se imaginava. Um fóssil de mais de 500 milhões de anos mostrou que uma espécie que foi debatida por décadas é possivelmente o animal mais antigo do mundo. Ele precede até mesmo a chamada explosão do período Cambriano, época em que a vida mais próxima do que a conhecemos floresceu no planeta.
Formas de vida de um gênero chamado de Dickinsonia são conhecidas desde a década de 40, mas elas sempre foram motivo de debate na comunidade científica. O formato exótico do corpo e a ausência de amostras orgânicas gerava uma série de hipóteses sobre aqueles seres, que poderiam ser algas, fungos, coral ou até mesmo simples colônias de bactérias.
Porém um novo fóssil da espécie foi descoberto na Rússia. Com 558 milhões de anos, ele incrivelmente ainda continha células de colesterol, ou gordura, o que permitiu que os cientistas cravassem: as espécies do gênero Dickinsonia são os animais mais antigos que conhecemos, precedendo a explosão do Cambriano, que ocorreu há 541 milhões de anos.
A descoberta oferece uma nova ótica sobre a origem da vida na Terra e faz com que alguns cálculos precisem ser refeitos. Há alguns anos, cientistas já cogitavam a possibilidade de que se tratavam de animais, porém a ausência de material orgânico tornava a afirmação alvo de contestação.
Preservação do fóssil
É praticamente impossível que qualquer traço de matéria permaneça existindo após mais de meio bilhão de anos, o que torna a descoberta na Rússia uma verdadeira preciosidade. O fóssil foi encontrado em uma região montanhosa, a uma grande altitude e baixa temperatura, o que certamente colaborou para o bom estado em que se encontra hoje.
Os fósseis anteriores do gênero Dickinsonia foram encontrados em sua grande maioria na Austrália, tendo sido submetidos a um tempo bem mais severo, com umidade e calor constantes, o que acaba acelerando a deterioração do material orgânico.