Após a tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, todos estão familiarizados com a expressão barragem de rejeitos de mineração. Mas como isso tudo funciona? As barragens servem para armazenar os resíduos gerados durante o processo de extração de minerais como o ferro, no caso da barragem que estourou em Brumadinho e podem ser construídas com o uso de vários métodos, alguns mais eficientes do que outros.
A barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, armazenava os rejeitos da extração e beneficiamento do minério de ferro. Esse processo consiste em separar a hematita, o mineral mais pesado, dos minerais mais leves que consistem em uma areia majoritariamente por quartzo. Para isso, todo o minério extraído é submetido a um processo de flotação, onde já triturado, o minério é colocado em uma solução líquida. O quartzo acaba flutuando, enquanto a hematita afunda.
A areia de quartzo e os restos de minério ficam com uma consistência similar a da argila. Em conjunto com a água usada na solução, dão origem a aquela lama, que precisa ser descartada em um local seguro para, ironicamente, evitar desastres ambientais. É aí que entra a barragem, que consiste em um enorme buraco onde esse rejeito é depositado. A do Córrego do Feijão possuía 86 metros de profundidade e guardava o rejeito produzido na região até 2015, quando parou de receber material.
O tamanho do problema
A barragem de Brumadinho foi construída com técnicas que hoje são consideradas obsoletas pelos especialistas de segurança da área. A Vale afirma que apesar dos danos já provocados pelo estouro da barragem, a lama não deve causar problemas, já que o quartzo não é tóxico, mas infelizmente não é bem assim. No desastre similar ocorrido em Mariana, em 2015, a lama continha outros elementos, diferente do que a Vale afirma.
A lama ocupa atualmente 3,6 quilômetros quadrados, o equivalente a 504 campos de futebol. O material deve se solidificar e aumentar muito a quantidade de poeira na região, causando problemas respiratórios. Tudo isso sem contar o impacto ambiental em terra e também no rio Paraopeba, por onde avança lentamente.