Quem dorme no ônibus, no trem ou no metrô, seja em viagens dentro da cidade ou de um município para o outro, costuma saber o momento certo de acordar. E trata-se de uma situação, aparentemente, instintiva: parece que o corpo detecta quando se chega ao ponto correto.
Apesar de muitas pessoas acreditarem que se trata de um dom ou até de um milagre, a situação de quem acorda no momento certo após uma viagem de transporte coletivo pode ser explicada com a ciência. Foi o que fizeram dois pesquisadores dos Estados Unidos.
Marc I. Leavey, especialista em cuidados básicos de saúde, e Ronald Chervin, que é neurologista e diretor do Centro de Medicina de Distúrbios do Sono de Michigan, estudaram como a situação ocorre sob o ponto de vista científico. Os resultados da pesquisa indicam que o cérebro, mesmo em repouso, consegue perceber o momento certo de despertar.
Veja, abaixo, as hipóteses levantadas pelos cientistas após os estudos:
1) Sincronia
A primeira hipótese relacionada ao assunto foi levantada por Marc I. Leavey. Ele acredita que o “relógio biológico” do corpo está sincronizado com o ponto de partida, pois a pessoa se habituou a fazer o mesmo trajeto diariamente – e que, consequemente, tem uma duração parecida.
Leavey considera que isso só é possível se a pessoa utilizar o meio de transporte sempre na mesma hora diariamente. Caso aconteça algum atraso, existe o risco de seu corpo não despertar no momento correto.
2) Ritmo circadiano
A segunda hipótese, de Ronald Chervin, está relacionada com o ritmo circadiano. Trata-se de um período de 24 horas pelo qual se baseia o “relógio biológico” dos humanos.
O cientista afirma que o cérebro não se desliga completamente durante o sono e que alguns estímulos são capazes de fazê-lo despertar, como anúncios das paradas, a música ou um barulho externo.
Ele acredita, ainda, que as pessoas acordam em cada ponto para checar se estão no destino final. Em caso negativo, voltam a dormir. Contudo, o cérebro não processa a memória de que você despertou e retornou ao sono, por ter sido rápido demais. Essa hipótese foi comprovada após o cientista ter observado pacientes que acordaram mais de 200 vezes por noite e não se lembravam.
Cuidados
O principal cuidado a se tomar com os cochilos pré-destino final está relacionado com a duração. A soneca não pode passar de 20 minutos, visto que, depois desse período, o corpo humano entra no sono REM – com sonhos mais realistas e repouso mais profundo.
Quem tem problemas de sono à noite também devem evitar os cochilos no transporte coletivo. A soneca pode ser profunda demais ou atrapalhar o repouso noturno.