Como seria viver no Brasil sem corrupção?

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Já se perguntou como a corrupção afeta a sua vida? Afinal, essa onda de escândalos político no Brasil envolve o dinheiro de todos os cidadãos. Pagamos por isso por meio de impostos, embutidos em praticamente tudo: produtos, serviços, contas e afins.

E se não existisse corrupção no Brasil? Parece que pouco mudaria, né? Errado: a vida no país seria muito diferente.

Segundo o procurador e coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, as propinas relacionadas aos crimes investigados somente pela operação somam mais de R$ 6,2 bilhões. Esse valor foi desviado das contas da Petrobras.

Isso seria somente a ponta do Iceberg, já que, segundo Dallagnol, a corrupção no Brasil desvia cerca de R$ 200 bilhões todos os anos. É muito dinheiro. Toda essa corrupção colocou o Brasil em 76° lugar no ranking que mede a percepção desse fator entre 168 países, segundo estudo da Transparência Nacional feito em 2015. Pioramos sete posições da última listagem – no ano anterior, 2014, a posição ocupada era de 69°.

Caso todo esse dinheiro fosse aplicado corretamente, daria para triplicar os investimentos federais em saúde, educação, segurança. Um ciclo de benfeitorias como você nunca presenciou na vida.

A corrupção faz com que, aos olhos do mundo, não sejamos um país interessante para se investir. Recentemente perdemos notas de créditos e o valor do dólar disparou por aqui, o que alavanca a inflação e deixa o brasileiro com menor poder de compra.

Muitas matérias-primas são importadas, como trigo, gás e combustível. O aumento do dólar provoca aumento no preço do pão, do macarrão e da gasolina, por exemplo, o que faz com que outros produtos também tenham o preço puxado para cima.

Alguns produtos que são produzidos aqui no Brasil também têm seu preço atrelado ao dólar. É o caso da soja, da carne, do café, do açúcar, do milho. Mesmo que eles sejam produzidos no país, quando o dólar está mais caro, fica mais vantajoso para o produtor exportar. Então, se ele mantém o produto para ser vendido aqui dentro, ele vai querer receber mais por isso.

Sem corrupção, esse problema relacionado à moeda americana não seria extinto, porém, minimizado. Mas vai muito além do preço do dólar. Seria possível que os salários fossem maiores. Corrupção também é um problema no mundo corporativo. Sem a podridão, haveria mais verba para investir na empresa e nos funcionários.

Você ganharia mais

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Em uma escala de “honestidade”, entre zero a 10, feita pela ONG Transparência Internacional, o Brasil tem 3,7 pontos. Caso tivesse a mesma pontuação das nações menos corruptas (7,45), o cidadão brasileiro poderia ser 15,5% mais rico.

Segundo estudo do departamento de competitividade e tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), hoje, cada brasileiro recebe em média R$ 14.470 por ano. Sem corrupção, passaria a receber R$ 16.710, ou seja, 2,5 salários mínimos a mais.

Caso a corrupção não existisse, o aumento da renda per capita seria de 27% – o equivalente a quase oito salários mínimos a mais ao fim do ano. Então, você que recebe R$ 1 mil por mês, poderia estar ganhando R$ 1,27 mil por mês. Essa diferença é desviada, indiretamente, do seu bolso, para o de algum político ou empresário aleatório.

Vale lembrar que a simulação da Fiesp contabilizou desvios de apenas R$ 69,1 bilhões, muito abaixo dos R$ 200 bilhões pelo coordenador da Lava Jato. Se esse número for real, espere um aumento de mais de 60% em seu salário.

Melhores serviços

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Cidadãos de países com menor percepção de desonestidade, como Noruega, Austrália, Dinamarca e Canadá, que estão os melhores IDHs (Índices de Desenvolvimento Humano) têm mais qualidade de vida. Menos corrupção melhora serviços públicos e privados, o que gera mais renda e educação, o que, por sua vez, ajuda a manter a corrupção sob controle.

Com menos corrupção, teríamos serviços melhores oferecidos pelo Estado. Estradas sem buracos, escolas sem problemas, atendimentos hospitalares de qualidade, entre outros.

Isso reduziria o custo de manutenção de muitas estruturas, visto que governos precisam, frequentemente, liberar recursos para consertar problemas – especialmente em estradas. Lembre-se do velho ditado: o barato sai caro.

Prazos para entregas de obras também seriam cumpridos, como nos países com melhores IDHs.

Melhor arrecadação

(Foto: Pixabay / divulgação)
(Foto: Pixabay / divulgação)

Com corrupção zero e serviços melhorados, o brasileiro teria um motivo a mais para pagar seus impostos – justamente porque um grande problema do Brasil atualmente é a sonegação fiscal.

Vale tudo para negar dinheiro ao governo, e sempre damos aquele “jeitinho” para não pagar impostos: mentir na declaração do imposto de renda, superfaturar notas ou serviços, entre outros. E no final, é sempre a desculpa “por que dar dinheiro a um governo que não investe no local correto e nos rouba sem parar?” No final das contas, corrupção gera corrupção.

Com tudo isso, a arrecadação fiscal atual chega a 37% do PIB (Produto Interno Bruto). No entanto, sem o “jeitinho”, esse valor chegaria a 59% do PIB. Os cofres públicos teriam R$ 1 trilhão a mais para gastar e investir.

Upgrade educacional

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Esse é o quesito que poderia mudar o Brasil completamente. O orçamento do governo federal para 2014 previa o investimento de R$ 92 bilhões em educação. Parece muito? Essa cifra teria R$ 1,8 bilhão a mais sem desvios de verba e corrupção. Seria o suficiente para contratar mais 960 mil professores para a rede pública (considerando que o salário médio do cargo no Brasil é R$ 1.874,50). Ou, no mínimo, dar um aumento de salário para os que já estão ali.

Este texto foi escrito originalmente por Peter Jordan para o canal Acredite ou Não, no YouTube. Edição textual por Igor Miranda. Veja a versão em vídeo:



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