Caso você tenha visto o filme “Meu malvado favorito”, vai se lembrar de quando o personagem Gru rouba a Lua com um raio encolhedor. Após ficar do tamanho da palma da mão do protagonista, o astro é levado para a Terra.
No entanto, como seria se isso acontecesse de verdade? Quais as consequências disto para o nosso planeta?
Primeiro, é necessário saber qual o tamanho que a Lua ficará após o uso do raio encolhedor. Digamos que ela fique do mesmo porte de uma bola de beisebol.
A massa da Lua é de, aproximadamente, 7,35 x 10²² kg. Ou seja: muito pesada. Vale mencionar, brevemente, as estrelas de nêutrons como um exemplo comparativo. Elas são criadas quando estrelas de massa oito vezes maior que a do nosso Sol esgotam a sua energia nuclear e passam por uma explosão de supernova.
Sabe-se que a densidade no centro destas estrelas é enorme. Com a redução do volume da Lua ao tamanho da palma de uma mão humana, teremos um objeto com a densidade de nove ordens de magnitude – maior que uma estrela de nêutron.
Imagine um algodão doce amassado completamente, até se tornar uma pequena pedra de açúcar. O doce era macio enquanto estava grande em volume. Após encolhido, ficou duro e denso, mas sem mudança de peso.
Foi o que Gru fez com a Lua: ela foi tão reduzida que comprimiu prótons e elétrons em néutrons, forçando-os a ocuparem o mesmo lugar. Eles existem em padrões de energia maior que o normal.
Quando o processo de encolhimento de nêutrons termina, eles deixam seu estado elevado de energia para voltarem a um mais baixo. O resultado é uma explosão massiva em algumas ordens de magnitude da massa da Lua. Seria equivalente a toda a energia que o Sol emitiu durante mil anos – o suficiente para dar fim à existência da Terra.
A Lua está a 385 mil quilômetros de distância da Terra. Agora, em poucos segundos, emite o que o Sol emitiu em mil anos. Mesmo que diminua essa estimativa em um fator de 10 ou 100, a atmosfera da Terra seria jogada ao espaço antes de evaporar parte do planeta.
A Lua poderia virar um buraco negro?
Segundo a teoria da relatividade de Albert Einstein, a Lua teria que ser encolhida um pouco mais para que isso acontecesse. E, caso a explosão de nêutrons não ocorresse, tudo em volta do satélite seria sugado. Gru e sua nave espacial seriam engolidos imediatamente.
De forma surpreendente, ficaria tudo bem com a Terra e o restante do Sistema Solar por um tempo.
Nosso buraco negro é estável, pois tem uma massa relativamente baixa: a mesma da Lua. Ele emite energia na mesma proporção em que absorve.
Normalmente, se um cometa passasse próximo à Terra e caísse na Lua, o satélite absorveria o astro e nada aconteceria em nossas vidas. O problema é que, caso a Lua tenha se tornado um buraco negro, o material poderia orbitá-lo e raios X seriam emitidos.
Boa parte da emissão não atingiria a Terra, mas alguns jatos vão para todas as direções e poderiam chegar até aqui. Gru pode ter criado uma bomba de radiação que mataria a todos por aqui.
E se a Lua viesse em uma cápsula?
Vamos supor que a Lua, reduzida, estivesse armazenada em uma cápsula hipotética, que consiga conter o campo gravitacional.
A Terra perderia instantaeamente a atração gravitacional da Lua. O primeiro impacto seria uma escuridão total no lado oposto ao Sol e marés baixas à noite – elas só cresceriam ao meio-dia e dependeriam apenas da estrela-maior.
Como a Terra é sólida e flexiona levemente com a atração da Lua, é possível que pequenos sismos sejam sentidos, como alguns vulcões entrando em erupção de forma mais turbulenta.
E se a Lua fosse retirada da cápsula?
Seria o maior erro de Gru. O campo gravitacional que a Lua exerce na Terra, a uma distância de 385 mil quilômetros, estaria aqui, a zero quilômetro.
A gravidade anteriormente distribuída a tamanha distância, agora, estaria a um raio de centímetros. Ao roubar a Lua, Gru trouxe um buraco negro para a Terra. Ao expor o satélite reduzido, o planeta entraria em uma oscilação grave em seu eixo, em torno deste peso.
Com isso, seríamos todos jogados para o espaço antes que a Terra se destruísse sozinha. E, é claro, não haveria tempo para conhecer o vácuo do espaço.
Este texto foi feito originalmente por Peter Jordan para o canal Acredite ou Não, no YouTube. Edição textual por Igor Miranda. Veja a versão em vídeo: