A maior parte da superfície da Terra é composta por oceanos. Mas já pensou o que aconteceria com o planeta se eles, simplesmente, desaparecessem?
Os oceanos são o sistema de apoio mais importante para a vida na Terra – talvez até mesmo necessário para a evolução em qualquer planeta. Caso eles sumissem, a (única) boa notícia é que nós não teríamos tempo para sentir saudade dos golfinhos. A (principal) má notícia é que estaríamos muito ocupados lidando com o mundo quase em chamas.
Confira abaixo a projeção feita pelo site HowStuffWorks:
Funções do oceano
Oceanos têm, basicamente, duas funções de apoio à vida. A primeira é de absorver e distribuir radiação solar. Sem água, os raios solares iriam assar o equador enquanto quase nenhuma energia iria para os polos, especialmente no inverno.
Felizmente para nós, a água faz um grande trabalho de absorver a energia e os oceanos regulam a temperatura ao redor da Terra. Correntes circulam as águas tropicais quentes para o norte e sul e água fria de volta para o equador, distribuindo energia térmica para que nenhum lugar fique muito quente.
Em segundo lugar, os oceanos alimentam o ciclo da água – a circulação de água do mar para o ar para as nuvens, por quilômetros e voltando para o mar ou para a terra. Quando a água é aquecida no equador, ela evapora-se e torna-se nuvens. Como o ar quente sobe, ele também faz circular o ar mais frio por baixo.
Esse processo estimula a distribuição mais uniforme de calor, transformando lugares muito frios em jardins amenos. É por isso que o Mediterrâneo é tão temperado e há lugares na Escócia, aquecidos pela Corrente do Golfo, onde você pode cultivar palmeiras.
Mas e se os oceanos sumissem?
Mas vamos voltar ao que aconteceria se os oceanos desaparecessem. Neste cenário, vamos dizer que eles viraram lama.
Há uma pequena janela de sobrevivência. A lama é úmida o suficiente para que ela não transforme imediatamente o planeta a uma enorme tempestade de poeira.
Os oceanos se foram, mas ainda temos um pouco de água. Calotas de gelo, lagos e rios (que agora fluem para vastas extensões de solo) e água subterrânea ainda estão disponíveis. Somadas, essas fontes são de cerca de 3,5% do nosso abastecimento de água presente. Os outros 96,5 por cento desapareceram com os oceanos.
Essa quantidade não é suficiente para obter um ciclo da água digno em todo o mundo, mesmo que derretendo as calotas polares. Cerca de 68,7 por cento da água doce da Terra está congelada em geleiras, calotas de gelo e neve permanentes, principalmente na Antártida.
Sem nuvens se formando sobre o oceano, a chuva seria incrivelmente rara, e o planeta se tornaria deserto. Veríamos nossos lagos e fontes de água diminuindo um pouco mais a cada ano até que nada fosse deixado.
Os seres humanos poderiam sobreviver por um tempo. Nós ainda teríamos acesso a água subterrânea e a algumas fazendas hidropônicas subterrâneas. Mas na superfície, plantas e animais começariam a secar imediatamente.
Eventualmente, tudo se tornaria tão seco que os incêndios tomariam os continentes. Isso seria um problema multifacetado para os seres humanos: além dos problemas habituais associados com o fogo, as chamas iriam liberar toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera progressivamente, acelerando o aquecimento global.
O sol continuaria a atingir o equador, transformando-a em um forno sem alívio da circulação de correntes oceânicas. Enquanto isso, gases de efeito estufa dos incêndios pelo mundo seriam uma armadilha de energia. Alguma diferença de temperatura entre o dia e a noite criaria sistemas de alta e baixa pressão e produziriam vento, mas a temperatura média da Terra seria de 67º C, tornando a vida impossível na superfície até mesmo para os animais mais resistentes do deserto.
O que fazer?
A única esperança da humanidade seria a camada de gelo da Antártida enquanto ainda estiver intacta, o que resultaria em migrações maciças para o Hemisfério Sul. Como as temperaturas em todo o mundo se elevariam e a superfície da Terra se tornaria inabitável, toda a nossa energia iria para a coleta subterrânea de gelo da Antártida, onde estaria a salvo da evaporação.
Poderíamos tentar construir algum tipo de metro da biosfera autossustentável, mas apenas chegar na distante Antártida seria difícil o suficiente. E sobreviventes iriam encontrar um terreno baldio inundado e sem infraestrutura ou recursos, como minas, estradas ou comida. É improvável o suficiente que pessoas sobreviveriam para terminar o projeto.
Dá para piorar?
Sempre dá para piorar. Na superfície do planeta, toda a vida vegetal estria desaparecida. Enquanto o mundo queima, a atmosfera se tornaria cada vez menos oxigenada, talvez se tornasse irrespirável para os seres humanos, mesmo que pudessem de alguma forma tolerar as temperaturas da superfície extremas. A Terra iria fritar. (Veja também: E se os oceanos fossem de água doce?)
Não haveria maneira de reiniciar um ciclo de carbono saudável ou trazer temperaturas de volta para níveis habitáveis. Como os seres humanos acabariam com os recursos armazenados junto à Antártida, nós morreríamos. Os únicos sobreviventes da Terra seriam pequenas colônias de bactérias quimiossintéticas escondidas no subsolo em fontes termais. Sem oceanos, todo mundo morreria.