O fenômeno do serial killer parece ser moderno, mas isso não é totalmente verdade. O primeiro deles citado na história atuou ainda na Idade Média e era nobre: trata-se do barão Gilles de Rais, um dos personagens mais nefastos da história, que além de assassino em série era pedófilo e originou até mesmo lendas folclóricas como a do Barba Azul.
Nascido Gilles de Laval, em 1405, o barão de Rais era um herói nacional na França, tendo lutado ao lado de Joana D’Arc, que seria santificada pela Igreja Católica tempos depois. No entanto, o homem que era conhecido pelo serviço ao seu país, era temido nas aldeias e povoados próximos ao seu castelo.
Já aposentado dos campos de batalha após seus serviços na Guerra dos Cem Anos, travada pela França contra a Inglaterra, ele passou a viver uma vida que girava em torno de vícios, incluindo aí o sexo. As coisas começaram a sair de controle quando cerca de 40 crianças dos povoados próximos desapareceram seguidamente. Sua relação com o clero nunca foi muito boa, então foi fácil levá-lo a julgamento.
Antes de ser torturado Gilles de Rais confessou ter abusado sexualmente das crianças, que depois ainda matava, muitas vezes abrindo seus corpos ainda vivos. Chegou a servir carne humana em jantares, tudo com o apoio de alguns parentes, uma governanta e um padre que, é claro, acabou sendo o único perdoado. Rais morreu na forca após ter confessado seus crimes em 1440 e é o primeiro serial killer registrado na história.
Controvérsias
Há quem diga que as acusações partiram de familiares e pessoas interessadas nos bens de Gilles, que chegou a ser mais rico do que o rei da França. Após a morte de Joana D’Arc, sua vida de excessos pode ter consumido sua sanidade mental, fazendo com que aproveitadores vissem a oportunidade perfeita para se apoderar de parte da fortuna, mas as confissões do barão realmente aconteceram, o que torna a história até hoje muito enigmática.
O primeiro serial killer de quem se tem notícias serviria como base, cerca de 200 anos depois, ao conto do Barba Negra, escrito por Charles Perrault. Na história, o vilão matava as mulheres com quem se casava e guardava seus corpos no armário. Nesse caso, o mais provável é que a realidade era ainda mais brutal e doentia.