Há mais de 35 anos atrás um suicídio coletivo chocou o mundo. Mais de 900 pessoas tomaram veneno em nome de uma libertação revolucionária liderada pelo pastor americano Jim Jones.
A tragédia aconteceu em uma comunidade estabelecida em meio à floresta amazônica, em território pertencente à Guiana. É o maior suicídio coletivo registado na história.
Em nome da seita Templo Popular
Essas pessoas eram membros da seita religiosa Peoples Temple (Templo dos Povos) comanda por Jim Jones. Fundada em 1956 no estado de Indiana nos Estados Unidos, foi na década seguinte que a sua igreja começou a atrair seguidores e também a chamar a atenção da mídia.
O pastor pregava uma utopia socialista cristã, utilizando conceitos igualitários em voga na época como igualdade de renda, vida comunitária, vestuário simples, comida gratuita e fornecimento de carvão para os mais pobres durante o inverno, combinados com a religiosidade cristã. Dessa forma, Jim Jones obteve um grande número de féis.
Os meios de comunicação passaram a se interessar pelas práticas de Jones, após alguns seguidores relataram que foram enganados. Eles relataram histórias de castigos corporais e treinamento de suicídio em massa. Contaram que foram forçados a doar os seus salários e depois as suas próprias casas.
Um cartório da Califórnia, cidade na qual foi transferido o Templo alguns anos após a sua fundação, constava mais de 60 propriedades doadas para a igreja. Dados da época apontavam que a seita de Jones possuía mais 10 milhões de dólares em forma de propriedades, barras de ouros e dinheiro em contas na Suíça.
A ida para a terra prometida – Jonestown
Tais relatos, chamaram a atenção do governo americano e, principalmente, da mídia. O estilo de Jones era frequente caracterizado de messiânico e ditatorial pelos meios de comunicação.
Desse modo, com medo de ter a sua igreja destruída pelo governo e procurando o esquecimento da mídia, Jim Jones fundou uma comunidade no meio da Mata Atlântica na América do Sul. Ele foi acompanhado por quase mil seguidores.
A cidade fundada em 1977 ficou conhecida como Jonestown. Lá a comunidade estabeleceu bangalôs, escola e o plantio de legumes e verduras. A única forma de informação era por meio de uma rádio central.
Visita em Jonestown seguida de mortes
Aproximadamente um ano após a criação de Jonestown, o deputado americano Leo Ryan viajou juntamente com jornalistas e assessores até a comunidade. Pois os familiares dos seguidores estavam desconfiados do que se passava na cidade de Jones.
Havia relatos de punições severas, imposição de regime ditatorial e presença de guardas armados para impedir fugas.
A visita inicialmente foi positiva, o deputado chegou até a declarar que as pessoas viviam felizes. Entretanto, parece que isso não passou de encenação para os visitantes.
Um dos jornalistas recebeu um bilhete pedindo ajuda. Quando a comitiva estava voltando aos Estados Unidos, eles foram impedidos de sair por guardas armados. Cinco pessoas foram mortas a tiros, incluindo o deputado Ryan.
O suicídio coletivo
Poucas horas após o atendado, em 18 de novembro de 1979, os membros do Templo dos Povos foram conduzidos por Jim Jones à um suicídio coletivo. Crianças e adultos beberam cianureto com suco, aqueles que não tomaram foram mortos.
Dessa forma, não é possível se falar em massacre, pois as pessoas não tinham alternativas ao suicídio. Apenas 35 pessoas sobreviveram.
Jim Jones foi encontrado morto com um tiro na cabeça, provavelmente teria também cometido o seu próprio suicídio após induzir os seus fiéis.
Em uma gravação realizada pelo próprio Jones no momento do massacre é possível escutá-lo incitando os seus seguidores à morte. Ele fala em “revolução de morte”.
Trechos do áudio:
“Temos de sair daqui, temos de dormir. Se não conseguirmos viver em paz, morreremos em paz! Não é um suicídio coletivo, mas sim um suicídio revolucionário! “
“Morram com alguma dignidade, não morram em lágrimas e agonia. “