São Paulo tem sérios problemas de poluição. Trata-se da maior do continente americano e de todo o hemisfério sul. É, ainda, a sétima maior do planeta, em termos de concentração de pessoas. Era de se esperar, infelizmente, que a qualidade do ar não fosse das melhores.
Entre os males do desenvolvimento, estão os problemas relacionados ao meio ambiente. No entanto, um dos vilões da poluição em São Paulo é algo bem improvável.
De acordo com um recente estudo, publicado na revista científica Atmospheric Environment, as pizzarias são grandes inimigas do meio ambiente de São Paulo. O preparo de pizza é responsável pela emissão de grandes quantidades de carbono na atmosfera local.
A pesquisa, liderada pela Universidade de Surrey, da Inglaterra, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), aponta a existência de cerca de oito mil pizzarias em São Paulo. Elas produzem mais de um milhão de pizzas diariamente, o que contribui para a poluição na região.
Além da emissão de gases poluentes, as pizzarias promovem o desmatamento, pois utilizam lenha para a produção do alimento.
Segundo o professor Prashant Kumar, um dos líderes do estudo, cerca de 7,5 hectares de floresta de eucalipto são queimados mensalmente para a produção de pizzas em São Paulo. São mais de 30 milhões de unidades do alimento por mês. “Um total de 307 mil toneladas de madeira é queimado anualmente”, disse Kumar, que também mencionou churrascarias como responsáveis secundárias pela situação, por utilizarem carvão para assar carnes.
Motivação do estudo
Para a realização do estudo, os pesquisadores optaram pela cidade de São Paulo, por ter uma situação peculiar em relação a outros possíveis pontos. A megalópole é a que mais utiliza biocombustível em veículos no mundo todo e o nível de poluentes do trânsito não é tão alto em comparação a outras localidades.
“Enquanto a maioria dos estudos no Brasil tem se concentrado nos impactos das emissões dos veículos na qualidade do ar e, consequentemente, na saúde da população, os impactos da queima de lenha e carvão nos restaurantes ainda precisam de ser quantificados”, afirma o professor Yang Zhang, co-autor do estudo.
Compreensão futura sobre a poluição
O estudo ainda não foi concluído. Ou seja, ainda não há uma dimensão exata da poluição em São Paulo, nem como fragmentar para saber a parcela do estrago que pizzarias causam na cidade.
O relatório mais recente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) aponta que, entre 1996 e 1997, a combustão de biomassa (que inclui a emissão de restaurantes) causava 7% da poluição na região metropolitana de São Paulo. No entanto, é possível que os dados estejam bastante defasados, pois foram coletados há 20 anos.
Ainda é cedo para afirmar, ainda, que a emissão de poluentes por pizzarias anule os bons resultados que biocombustíveis trariam para a atmosfera. Para os pesquisadores, os biocombustíveis não devem ser desconsiderados de forma alguma, pois representam um avanço no controle de gases responsáveis pela poluição.
A solução para o problema relacionado à poluição que pizzarias causam envolve trabalho governamental. De acordo com Prashant Kumar, é importante que as entidades públicas façam estudos sobre as emissões de poluentes dessas fontes e desenvolvam um plano para aliviar a situação.
Há, ainda, uma questão de cultura e tradição com relação às pizzarias. O preparo em forno a lenha é sinônimo de qualidade no produto final, mesmo com outras formas existentes para se cozinhar o alimento. Para resolver o problema, também seria necessária uma mudança de mentalidade da população.
