O início de uma guerra no mundo físico é bem fácil de se perceber. É assim desde os conflitos mais antigos, como a duas primeiras guerras mundiais, e principalmente nos dias de hoje, em especial embates como a Guerra Civil Síria e a insurgência de grupos terroristas como o Estado Islâmico e o Boko Haram.
Mas há quem defenda que no atual momento estamos prestes a vivenciar a primeira guerra mundial cibernética. Outros já preferem dizer que ela já está ocorrendo neste exato momento, e você irá entender o porquê.
Provável início em 2010
Os que defendem a teoria de que a guerra já começou afirmam que ela teve suas origens em junho de 2010. A empresa de segurança VBA 32 descobriu a existência do Stuxnet, um malware complexo que infectou e danificou as usinas de enriquecimento de urânio do Irã. Foi a primeira vez que um vírus de computador ultrapassou o limite do físico e o virtual, pois além dos prejuízos financeiros, colocou a vida de milhares de inocentes em risco.
Até hoje não se sabe quem foi que criou o Stuxnet. Mas muitos defendem a ideia de que ele foi criado pelo governo dos Estados Unidos, em parceria com Israel, justamente para prejudicar o programa nuclear iraniano. A participação da Rússia no ataque foi descartada, visto que mais de 9 mil computadores do país também foram infectados pelo vírus.
Desde então, o número de ataques cibernéticos sofridos pelas grandes potências aumentou vertiginosamente. O caso mais recente aconteceu dia 21 do mês passado, quando a Dyn, uma das maiores empresas de DNS dos Estados Unidos, sofreu um misterioso ataque, o que derrubou diversos websites e serviços do país.
Guerra fria cibernética?
Muitos acreditam que este ataque a Dyn foi uma operação conjunta de hackers patrocinados pela Rússia. Vale lembrar que alguns dias antes, os Estados Unidos culparam os russos pelo vazamento de aproximadamente 20 mil e-mails trocados entre membros do Comitê Nacional Democrata, que coordena as atividades do Partido Democrata.
Mas muitos internautas também afirmam que o ataque a Dyn aconteceu justamente após os Estados Unidos ameaçarem retaliar a Rússia no âmbito cibernético. Um porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, mostrou insatisfação com a postura dos americanos. “Todos os dias o site de Putin é atacado por dezenas de hackers. Vários dos ataques são rastreados como tendo origem nos EUA, mas nós não culpamos a Casa Branca por isso”, disse.
Exércitos para a guerra cibernética
As grandes potências globais possuem, hoje, dentro de seu setor de segurança nacional, uma espécie de exército cibernético, formado por hackers experientes para defender os interesses do país e protegê-lo de uma guerra cibernética. Os Estados Unidos possuem o Office of Tailored Access Operations (TAO), ou Escritório de Operações de Acessos Adaptados, em tradução literal. A Rússia também não fica atrás, e suas atividades militares cibernéticas são coordenadas pelo Serviço de Segurança Federal (ou FSB, na sigla em inglês).
A Coreia do Norte, considerado por muitos o país mais fechado do mundo, também possui seu exército, que ganhou a alcunha de Bureau 121. A unidade ganhou notoriedade após derrubar os servidores da Sony Pictures, que estava prestes a lançar o filme A Entrevista, que satirizava o ditador do país, Kim Jong-Un.
Até mesmo o Brasil possui infraestrutura militar para combater um possível ataque cibernético. A unidade se chama Centro de Defesa Cibernética (CDCiber) e responde diretamente ao Ministério da Defesa.
Mesmo que nosso país quase não sofra com ataques cibernéticos, é sempre bom estar preparado. Afinal, nunca se sabe quando este conflito pode tomar proporções mundiais. Se já não tomou, como muitos garantem.