Suzano, Christchurch, Realengo, Toronto. Esses massacres ocorreram em lugares diferentes, mas possuem algo em comum: seus autores eram frequentadores de chans, um tipo de fórum oculto na internet onde todo tipo de informação é livremente divulgada, indo de memes e assuntos dos mais diversos, passando por pirataria e chegando a racismo, misoginia e crimes.
Chans, também chamados de imageboards, são fóruns, alguns disponíveis apenas da deep web, onde não é preciso fazer nenhum tipo de cadastro ou identificação para fazer postagens. Inicialmente, foram criados para se discutir qualquer assunto, além da postagem de fotos e imagens relacionadas a esses assuntos, no entanto, é a facilidade do anonimato que transformou esses ambientes em verdadeiras fábricas de ódio, que as vezes saem do mundo digital e invadem a realidade.
Nos chans existentes na deep web, o anonimato é ainda mais garantido, o que levou à criação de inúmeros chans extremistas. Entre os grupos frequentemente monitorados pelas autoridades encontram-se neonazistas, grupos de extrema direita, supremacistas brancos e entre os criminosos, algumas pessoas perturbadas, a maioria jovens, que se autodenominam “incel”, abreviação em inglês para celibatários involuntários.
Tratam-se de indivíduos que possuem dificuldades para conseguir relacionamentos amorosos e, portanto se frustram por não fazer sexo. Isso somado a outros tipos de ódio, torna os “incels” misóginos, já que culpam as mulheres por seu fracasso. É a partir desse quadro que surgem casos como o de Suzano e outros citados no início do texto.
15 minutos de fama
Os indivíduos que resolvem concretizar atos violentos como em tiroteios e outros crimes, geralmente encontram incentivo e todo o suporte de que precisam dentro dos chans, incluindo dicas de como agir, compra de armas e até sugestões. A filosofia geralmente é a de “morrer levando parte da escória junto”, como costumam se referir a mulheres, negros, gays e outras minorias.
Casos que ganham grande notoriedade na mídia são vistos como bem-sucedidos pelos frequentadores dos chans, cujo objetivo na maioria das vezes é simplesmente chocar. Por isso a cobertura midiática de acontecimentos relacionados a casos como esses deve ser feita com extrema responsabilidade.