Será que a alma existe?

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Muitas pessoas acreditam que possuem uma alma. Embora a concepção de alma possa variar, muitos a descrevem como uma “força invisível que nos mantem vivos”.

Muitos creem que a alma pode sobreviver à morte e está intimamente associada com memórias, paixões e valores de uma pessoa. Alguns argumentam que a alma não tem massa, não ocupa um espaço físico e fica localizada em lugar nenhum.

Mas segundo neurocientistas e psicólogos, não há nenhum uso para a alma. Pelo contrário, todas as funções que são atribuídas a alma, podem ser explicadas pelo funcionamento do cérebro.

A psicologia é o estudo sobre comportamento. Para realizar o seu trabalho de modificar o comportamento de um individuo, como no tratamento contra dependência, fobia, ansiedade e depressão, os psicólogos não precisam assumir que as pessoas possuem almas. Para os psicólogos, nem se trata das almas não existirem, é que não há nenhuma necessidade delas.

Muitos dizem que a psicologia perdeu sua alma na década de 1930. Porque foi a partir dessa época que a disciplina tornou-se plenamente uma ciência, com base em experimentação e controle, em vez de introspecção.

O que é a alma?

Não foram apenas os pensadores religiosos que disseram que possuímos alma. Alguns dos filósofos mais notáveis também levantaram essa ideia, como por exemplo, Platão (424-348 A.C.) e René Descartes (século XVII).

Platão acreditava que não aprendemos coisas novas, mas lembramos de coisas que sabíamos antes do nosso nascimento. Foi pensando assim que ele chegou a conclusão de que temos uma alma.

Séculos depois, René Descartes escreveu uma tese chamada “Paixões da Alma”, onde ele argumenta que há uma distinção entre a mente, que ele descreve como uma “substância pensante”, e o corpo, que ele chama de “substância estendida”.

Um dos muitos argumentos de Descartes para a existência da alma, era que o cérebro, que é uma parte do corpo, é mortal e divisível – o que significa que tem diferentes partes – e a alma, é eterna e indivisível – o que significa que é algo inseparável. O que ele concluiu serem coisas diferentes.

Mas os avanços na neurociência têm demonstrado que esses argumentos não estão corretos.

Desalmando humanos

Na década de 1960, o ganhador do prêmio Nobel, Roger Sperry, mostrou que a mente e a nossa consciência são divisíveis, o que refuta a teoria de Descartes.

Sperry estudou pacientes cujo o corpo caloso (estrutura do cérebro que conecta os hemisférios direito e esquerdo), foi cortado, cirurgicamente, com o objetivo de controlar a propagação de crises epilépticas. Essa cirurgia é capaz de bloquear ou reduzir a transferência de informação perceptiva, sensorial, motora e cognitiva entre os dois hemisférios do cérebro.

Sperry mostrou que cada hemisfério poderia ser treinado para executar uma tarefa, mas esta experiência obtida não se torna disponível para o hemisfério inexperiente. Ou seja, cada hemisfério poderia processar informações, um fora da consciência do outro. Em essência, isso significa que esse tipo de operação é capaz de gerar dupla consciência.

Dito isso, Descartes não poderia estar correto em sua afirmação de que o cérebro é divisível, mas a alma, que pode ser interpretada como mente ou consciência, com certeza não era. Em seu esforço para provar a existência da alma nos seres humanos, Descartes acabou com um argumento contrário a alma.

Em 1949, o psicólogo Donald Olding Hebb alegou que a mente é uma integração da atividade do cérebro. Muitos outros neurofilósofos também chegaram a essa mesma conclusão. A neurofilósofa Patricia Churchland por exemplo, afirmou recentemente, que não há nenhum “fantasma na máquina”.

O cérebro é quem comanda tudo

Se é na alma onde residem a emoção, motivação, atividade mental, sensações, memórias e raciocínio, então não há necessidade da hipótese de sua existência. Pois existe um órgão que já executa essas funções: o cérebro.

O cérebro é o órgão que tem o mapa do nosso corpo, do mundo exterior e da nossa experiência. Qualquer dano ao cérebro pode produzir demências ou malformações congênitas, o que por sua vez produz um dano proporcional à personalidade.

Uma grande pancada na cabeça pode fazer você perder memórias dos últimos anos. Se a alma é uma substância imaterial separada do nosso ser físico, ela não deveria ser afetada pela pancada. Se a memória fica armazenada na alma, ela não deveria ser perdida.

A atividade neuronal no cérebro é responsável pelas disfunções cognitivas e emocionais em pessoas com autismo; seria cruel e antiético culpar suas almas por isso.

A manipulação do cérebro é suficiente para alterar a emoção e o humor de um individuo. A alma é totalmente supérfluo a este processo.

A capacidade de alterar o humor que drogas psicoterapêuticas possuem, oferece uma outra linha de evidência contra a presença da alma. Se você produzir desequilíbrios químicos no cérebro, tais como, esgotamento da dopamina, noradrenalina e serotonina com uso de tetrabenazina, isso pode induzir depressão em algumas pessoas. Correspondentemente, muitas pessoas deprimidas podem ser ajudadas pelo uso de drogas que aumentam a função destes neurotransmissores no cérebro.

Se o cérebro é onde todas as coisas vinculadas a alma ocorrem, então como diz o filosofo David Kyle Johnson, “não resta mais nada para a alma fazer”.



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