Será que uma arma sônica foi utilizada para atacar diplomatas americanos em Cuba?

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Informações de que uma misteriosa arma sônica foi utilizada para “atacar” diplomatas americanos em Cuba está intrigando cientistas.

Na última quarta-feira (25), o canal de TV americana CBS News afirmou que alguns diplomatas americanos e canadenses foram diagnosticados com leves lesões traumáticas no cérebro, o que também pode ter danificado o sistema nervoso central, após um aparente ataque de uma arma sônica ter como alvo suas residências.

A porta voz do Departamento de Estado dos EUA, Heather Nauert, disse que ela não pode confirmar a notícia divulgada pela CBS News. “Nós jamais daremos informações sobre o estado de saúde de um dos nossos americanos”, disse.

Ainda assim, Nauert confirmou que, pelo menos, 16 empregados do governo americano vivenciaram alguma espécie de sintoma e precisaram de tratamento nos Estados Unidos e em Cuba.

No início do mês, o Secretário de Estado, Rex Tillerson, afirmou que diplomatas americanos em Havana foram vítimas de “ataques de saúde” que os deixaram com perdas auditivas. Seus comentários surgiram após o Departamento de Estado divulgar um breve comunicado em que aconteceram “incidentes que causaram uma variedade de sintomas físicos”. Oficiais revelaram, posteriormente, que diplomatas americanos sofreram perdas auditivas inexplicáveis. O governo do Canadá também disse que um diplomata do país em Cuba também precisou de tratamento para o mesmo problema.

Essas informações deixaram cientistas perplexos. “Essa história é muito misteriosa”, explicou Jurgen Altmann, professor de física na Universidade Technische, em Dortmund, na Alemanha.

“Eu não conheço nenhum efeito acústico que pode produzir sintomas semelhantes aos de uma concussão; de acordo com minha pesquisa, os principais efeitos em humanos necessitam de níveis de barulho que seriam identificados como um som muito alto”, explicou.

Charles Liberman, professor da escola médica da Universidade de Harvard, disse que qualquer tipo de perda auditiva requer um som audível para causar lesões. E como Altmann, Liberman notou a falta de informações sobre os incidentes, e disse que é difícil explicar que tipo de aparelho pode ter sido utilizado.

“O som de alta intensidade, em qualquer frequência, pode causar efeitos fisiológicos adversos e mudanças no comportamente de pessoas. Não estamos cientes de qualquer pesquisa publicada dos efeitos do som na saúde quando utilizado intencionalmente para causar danos”, explicou o toxicologista Scott Masten, que faz parte de um dos vários Institutos Nacionais de Saúde dos EUA.

O governo cubano negou qualquer envolvimento com os incidentes e o Departamento de Estado dos EUA ainda não identificou a origem dos ataques. “Não estamos atribuindo a responsabilidade nesse momento, apenas não sabemos quem foi responsável por esses incidentes”, disse Heather Nauert. “A investigação está em andamento e vamos tentar encontrar a fonte desses incidentes e o seu responsável”, complementou a porta voz.

Existe, no entanto, a especulação de que a arma sônica utilizada contra os diplomatas americanos seria capaz de gerar o chamado infrassom, um som de baixa frequência que é inaudível para o ouvido humano.

De acordo com um paper publicado pela Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, o pesquisador Ryan Littlefield descreve que “o termo ‘infrassom’ é definido pela área de frequência inaudível, que está abaixo dos 20Hz (hertz)”. Littlefield também descreveu o potencial uso militar do infrassom para “imobilizar ou prejudicar alvos.”

Outra possibilidade é o uso de um som acima dessa frequência de 20Hz, que também não podemos escutar. Mas Jurgen Altmann acredita ser improvável que ele foi projetado por meio de uma distância considerável ou através de paredes e janelas fechadas.

O professor também afirmou que outra explicação para os sintomas vivenciados pelos diplomatas é o uso de substâncias ototóxicas.

Produtos químicos ototóxicos possuem a capacidade de danificar a cóclea, que é a parte auditiva do ouvido interno. Mais de 750 grupos diferentes de susbtância químicas se encaixaram nessa categoria, de acordo com o governo de um dos estados da Austrália.

Altmann adicionou que ele não está ciente da existência de armas de som. “A única coisa mais próxima é o chamado LRAD, um enorme auto-falante”, explicou.

O LRAD, sigla em inglês para Aparelho Acústico de Longo Alcance, é uma tecnologia que já é utilizada para dispersar grandes grupos de pessoas. Só que o LRAD já foi considerado uma forma de uso excessivo de força, após diversos processos de pessoas que entraram em contato com o aparelho.

O uso de armas sônicas

Armas sônicas, de fato, existem, mas a maior parte delas são “altamente visíveis e são fáceis de se evitar”, explicou o neurocientista Seth Horowitz.

Horowitz cita o próprio LRAD, que também já foi utilizado pelo próprio exército dos Estados Unidos durante a ocupação do Iraque, para controlar multidões na cidade de Nova Orleans após o Furacão Katrina e para afastar piratas somalianos. Além dele, existem outros equipamentos com função parecida.

Só que esse tipo de arma sônica e seus semelhantes, conforme citado pouco acima, são grandes e emitem sons óbvios. Uma máquina misteriosa que é capaz de emitir ondas de som silenciosas, mas nocivas, ainda desafia qualquer explicação imediata.

Horowitz também acredita que se não houver evidências das supostas armas utilizadas nesse caso, o incidente deve ser considerado uma “história inventada”, e que outras explicações sobre esses problemas médicos precisam ser consideradas.

Fontes: Fox News Science e Business Insider
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