Sergio Canavero, cirurgião italiano que ficou conhecido em 2015 quando anunciou ao mundo que iria realizar o primeiro transplante humano de cabeça, finalmente está perto de cumprir a promessa. Agora, ele revelou em uma entrevista com a revista alemã OOOM que o procedimento deve acontecer dentro de 10 meses, na China.
Diferente da sua proposta inicial, o paciente não será mais o voluntário de transplante anterior, Valery Spiridonov, que tem uma forma de atrofia muscular espinhal chamada doença de Werdnig-Hoffmann. “O primeiro paciente será chinês”, disse Canavero.
A equipe chinesa de médicos será liderada por Ren Xiaoping da Universidade Médica de Harbin, que em 2014 publicou sua pesquisa sobre transplantes de cabeça em camundongos.
Ren também foi membro da equipe que realizou o primeiro transplante de mãos bem sucedido nos Estados Unidos e, em janeiro de 2016, publicou como co-autor ao lado de Canavero um artigo na revista Surgical Neurology International sobre a repercussão científica do procedimento.
A técnica foi estabelecida em um estudo de 2013, envolvendo um procedimento estimado em 36 horas.
Canavero afirma ter realizado a cirurgia com sucesso em um macaco, mas outros cientistas expressaram preocupações éticas. O cientista da Universidade de Nova York, Arthur Caplan, disse que Canavero estava “fora de si”, observando que, mesmo que o procedimento possa ser realizado com sucesso, não temos ideia do efeito que a química de um novo corpo teria na cabeça e no cérebro transplantados.
Canavero, porém, parece confiante. “No momento, só posso revelar que houve um progresso maciço em experimentos médicos, [permitindo realizar] o que teria parecido impossível, mesmo recentemente, há alguns meses”, disse. “As metas que foram alcançadas, sem dúvida, vão revolucionar a medicina”.
Ele também já está se preparando para sua próxima cirurgia experimental – transplantando não toda a cabeça, mas apenas o cérebro. O cirurgião acredita que será capaz de realizar isso em até três anos.
“Um transplante de cérebro tem muitas vantagens: primeiro, não há quase nenhuma reação imune, o que significa que o problema de rejeição não existe. O cérebro é, em de certa forma, um órgão neutro. Se você transplantar uma cabeça com os vasos, os nervos , tendões e músculos, a rejeição pode representar um enorme problema, o que não acontece com o cérebro”, explicou.
“O que pode ser problemático, entretanto, é que nenhum aspecto do seu corpo externo original permanece o mesmo, sua cabeça não está mais lá, seu cérebro é transplantado para um crânio totalmente diferente”, disse. Que tipos de problema ou efeitos colaterais esse tipo de procedimento poderia trazer, Canavero não comentou.
Fonte: Cnet