Durante os séculos, cientistas e pessoas comuns conceberam muitas criaturas estranhas e incríveis, que na maioria das vezes acreditava-se que realmente existissem. Enquanto alguns foram eventualmente revelados como brincadeiras, outros provavelmente seriam explicações reais de criaturas vivas.
O Cordeiro Vegetal de Tartária
Acredita-se que o “cordeiro vegetal”, um mito popular da Idade Média, fosse parte animal e parte vegetal. E existiram duas variedades do cordeiro vegetal.
Um era o fruto de uma árvore que estourava quando estivesse maduro e revelava dentro de si uma imitação perfeita de um pequeno cordeiro. O segundo era um cordeiro vivo real que teria sido espetado em seu umbigo por um caule. Esse caule era, supostamente, flexível o bastante para permitir que o cordeiro, até então em pé, pudesse se abaixar e comer a grama ao seu redor. Quando não houvesse grama por perto, o caule e o cordeiro morreriam.
Acreditava-se que o cordeiro vegetal teria vindo de uma região da Europa Central e da Ásia, que era conhecida na época como Tartária. Assim, o cordeiro vegetal é também conhecido como “barometz”, que significa “cordeiro” em tártaro.
Há muitas teorias sobre como o mito do cordeiro vegetal nasceu. Uma delas sugere que começou com os gregos, quando viram pela primeira vez as árvores de algodão em sua viagem à Índia. No entanto, o mito do cordeiro vegetal só ficou popular na Europa, depois de Sir John Mandeville, o viajante mais famoso da Idade Média, incluir essa história na sua bagagem, em uma de suas viagens. Ele declarou que os pequenos cordeiros que cresciam nesta planta peculiar eram, na sua opinião, bastante deliciosos.
Em 1557, o grande sábio italiano, Girolamo Cardano, tentou desmentir esse mito louco, argumentando que o solo não proporcionava calor suficiente para o cordeiro prosperar. Ainda assim, muitas pessoas continuaram acreditando que o cordeiro vegetal existia. Finalmente, pouco a pouco, a ciência desmascarou completamente o mito.
A morsa da Tasmânia
No dia 1 de abril de 1984, conhecido como dia da mentira, Orlando Sentinel anunciou a existência da “suposta morsa da Tasmânia”, uma criatura aparentemente minúscula que comia baratas e poderia ser mantida em casa como um animal de estimação. Teria cerca de 10 centímetros, era comprida e tinha o temperamento de um hamster.
Dizia-se também que ronronava como um gato. A história foi intitulada “Pequena Maravilha” e foram apresentadas, inclusive, fotografias de um rato sem pelo que se passou pela suposta morsa. Os jornais postaram também imagens de manifestantes que protestavam contra o governo, que teoricamente proibia a criação da morsa em residências.
A história era claramente uma farsa, e no artigo que contava essa história, havia muitas evidências para comprovar isso. Mesmo o nome “suposta morsa” sugeriu que era uma brincadeira. Mas o que realmente revelou a mentira foi a última linha do artigo: “Se você me perguntar, isso é claramente uma piada muito cruel”.
No entanto, muitos leitores não conseguiram perceber a piada e acreditaram genuinamente na existência da suposta morsa da Tasmânia. Durante alguns dias após a publicação da história, o jornal recebeu muitas chamadas e cartas perguntando como adquirir essa estranha criatura.
As lojas de animais também foram bastante questionadas sobre a suposta morsa. As centrais telefônicas de Orlando receberam chamadas de várias pessoas que perguntavam pelo número de telefone de Michael Riverside, o homem cuja família supostamente estava criando esse estranho animal para comercializar.
A história da suposta morsa da Tasmânia espalhou-se por todo o mundo através de vários meios de comunicação.
O Gunni
Em 1967, o Gunni foi delatado pela primeira vez por trabalhadores madeireiros a cerca de 16 quilômetros da cidade australiana de Marysville. Acredita-se, porém, que o Gunni tenha sido avistado pela primeira vez pelos mineiros de ouro na década de 1860.
No entanto, dizem que os supostos avistamentos deste animal bizarro são frutos de uma imaginação fértil, bebida ou ambos. Os Gunni foram descritos como tendo chifres de veado e um corpo parecido com o de um marsupial australiano, com listras nas costas e nos quadris.
Em 2003, Miles Stewart-Howie, um guarda local, preparou e instalou um Gunni – com as mesmas características presentes na história – no centro de turístico de Marysville. Pouco tempo depois, Miles começou a receber e-mails de turistas que diziam ter visto o Gunni. Um turista até alegou ter guardado os excrementos da criatura. Infelizmente, em 2009, o centro de visitantes pegou fogo e os Gunni desapareceram junto com ele.
Perfuradores de gelo
Na edição de abril de 1995 da revista Discover, o editor sênior, Tim Folger, escreveu uma história que explicava o desaparecimento de pinguins. Esses misteriosos desaparecimentos foram atribuídos a um estranho animal que era capaz fazer túneis no gelo com a cabeça.
Segundo a estranha, mas plausível história, uma cientista, chamada April Pazzo, estava observando pinguins quando percebeu que eles estavam fazendo um som estranho e andando mais rápido do que o normal. Pazzo foi até os animais para ver o que estava acontecendo. Foi quando ela percebeu que um pinguim estava afundando no gelo.
Quando Pazzo puxou o pinguim, viu que algumas pequenas criaturas sem pelos, rosadas e semelhantes a uma toupeira estavam presas à parte inferior do pinguim. Sua curiosidade despertou e Pazzo passou resto dos meses observando essas criaturas em cativeiro e na natureza.
Ela chamou estas criaturas de “Perfuradores de gelo”. Segundo a descrição de Pazzo, essas criaturas tinham cerca de 15 centímetros de comprimento, pesavam apenas gramas e em suas testas havia uma espécie de chapa muito resistente. Supostamente, seria através dessas chapas que os perfuradores de gelo irradiavam seu calor corporal, e dessa forma, derretiam o gelo, fazendo túneis para caçar pinguins.
Estas criaturas se agrupavam sob um pinguim, derretiam o gelo abaixo dele e o atacavam quando ele afundava. O artigo terminava sugerindo que talvez o explorador polar Philippe Poisson, que desapareceu misteriosamente na Antártica em 1837, foi confundido com um grande pinguim e devorado pelos perfuradores de gelo. Pouco depois da publicação do artigo, a revista recebeu um monte de cartas de leitores que acreditavam genuinamente na existência dessas criaturas.
O polvo de árvore do Noroeste pacífico
Os usuários de Internet ficaram familiarizados com o “polvo de árvore do Noroeste pacífico” em 1998. O polvo de árvore, que pode ser encontrado nas florestas tropicais temperadas da América do Norte, fica em um ambiente aquático apenas nos seus primeiros dias de vida e no período de acasalamento.
Sua pele especial e a humidade da floresta tropical permitem que o polvo se adapte nos dois ambientes e permaneça hidratado por um longo período de tempo. Supostamente, é um ser inteligente e curioso com desenvolvimentos comportamentais avançados.
O polvo da árvore tem oito tentáculos cobertos de ventosas, as quais a criatura utiliza para se agarrar nos galhos das árvores e esticar-se para pegar um inseto, ou até mesmo examinar um determinado objeto. Os polvos de árvore também são capazes de exibir suas emoções uns aos outros através da mudança da cor de suas peles: o vermelho mostra raiva e branco indica medo.
No entanto, os internautas ficaram perturbados ao saber que esses polvos estavam, aparentemente, ameaçados de extinção, devido à expansão urbana, gatos e outros predadores naturais, como a águia careca. Um site dedicado a esta espécie incitou as pessoas a tomar medidas para preservá-lo. Claro, houve um pequeno problema: o polvo de árvore do Noroeste pacífico nunca existiu. Porém, o site dedicado a esta farsa foi tão bem feito que continua a enganando muitas pessoas.
A árvore de percebes
Na Europa medieval, antes do conhecimento preciso da migração das aves, acreditava-se que os bernacas ou gansos-de-rosto-branco (da espécie Branta leucopsis) se desenvolviam a partir dos crustáceos conhecidos como percebes, dado que nunca nidificavam nas regiões temperadas da Europa e era desconhecida a região de onde provinham.
O mito, resultado da semelhança da cor e da forma das duas espécies, levou também à crença na existência de árvores de percebes, pois alguns percebes eram frequentemente encontrados agarrados em pedaços de madeiras que estavam na água, então se supunha que esses pedaços de madeira eram ramos dessas árvores que teriam caído na água.
Dessa crença tiveram origem os nomes em língua inglesa de “goose barnacle” e “barnacle goose” e o nome científico Lepas anatifera (Latim anas = “pato”).
Segundo a lenda, quando os gansos ficavam maduros o suficiente, eles iriam cair das árvores de percebes. Os gansos que caíssem na água sobreviviam e os gansos que caíssem na terra morriam.
O monge galês, Giraldus Cambrensis, apresentou esta teoria na sua obra, Topographia Hiberniae. Como aqueles gansos, dada a sua origem, não eram carne, nem nascidos da carne, podiam ser comidos nos dias de jejum e abstinência em que era proibido comer carne, segundo os preceitos religiosos. Cambrensis viu a existência da árvore como a indiscutível evidência da Imaculada Conceição de Cristo. Muitos outros homens religiosos também acreditavam nisso.
Mesmo que o católico Alberto Magno tenha denunciado a lenda da árvore de percebes como falsa, o fato de que a maioria das pessoas nunca teria visto essas aves no período da nidificação, dava credibilidade à lenda. De fato, a lenda das árvores de percebes foi popular até o século XVIII.
Monstros do Lago George
Em Nova York, no ano de 1904, o monstro do lago George (ou “Georgie”, como foi carinhosamente apelidado) nasceu de uma competição inocente entre dois amigos, o coronel William Mann e Harry Watrous. De acordo com a história, Mann fez uma brincadeira de pesca com Watrous e esse estava ansioso para dar o troco em seu amigo.
Watrous se empenhou em construir um monstro marinho a partir de um tronco de cedro de 3 metros de comprimento. Ele pintou o tronco para deixa-lo com a aparência de um monstro e colocou isoladores de polo telegráfico de vidro verde nos olhos do monstro.
Para dar movimento ao monstro, ele utilizou cordas e assim manipulava Georgie. Em um dia, enquanto Mann e vários de seus conhecidos estavam no lago, Watrous lhes deu o susto de suas vidas. Mas ele estava se divertindo demais para parar por aí. Durante várias semanas depois de voltar com Mann, Watrous continuou deslizando o monstro no lago e colocando-o ao longo da costa, assustando, assim, qualquer um que estivesse por perto.
Pouco depois, Nova York e todos estados vizinhos ouviram falar do Monstro do lago George. Eventualmente Watrous se cansou de Georgie e retirou o monstro do lago. Só em 1920 que o monstro foi devolvido ao lago por um homem chamado Louis Spelman. O reaparecimento do monstro quase causou danos graves a um barco quando todos os passageiros correram para um lado para tentar ver melhor o monstro. Em seguida, Spelman escondeu o monstro em sua garagem.
Em 1962, emprestou Georgie a Walter Grishkot, que quis tirar uma fotografia dele. A fotografia ganhou muita publicidade. Eventualmente, Georgie foi vendido a uma mulher nas Ilhas Virgens para fins de carnaval e desfile. No entanto, Grishkot conseguiu Georgie volta pouco tempo depois e levou-o de volta ao Lago George.
Hoop-Snakes
As ” Hoop Snakes” foram, supostamente, avistadas desde os tempos coloniais na América do Norte. Acreditava-se que esta serpente agarrava sua própria cauda com sua boca e girava rapidamente ao redor de sua presa. Por fim, depois de deixar a presa tonta, a atacava com o ferrão que possui em sua cauda.
Acredita-se que o mito da Hoop-Snakes se originou do comportamento da serpente de lama da vida real, que pode ser encontrada ao longo da planície costeira da América. A serpente de lama é passiva. Porém, se sentir alguma ameaça, aperta a ponta de sua cauda contra a pele do seu captor, daí a falsa suposição de que ele pica.
Muitas qualidades foram atribuídas às Hoop Snakes: era volumosa, brilha à noite, e seu veneno se concentra na sua cauda. No entanto, apesar de as pessoas afirmarem ter visto esta criatura peculiar, não há provas reais de que as Hoop Snakes existam.
Coruja Pré-Histórica
Em março de 2015, o Daily Buzz Live, um site satírico que se apresenta como uma verdadeira fonte de notícias, publicou um artigo afirmando que cientistas brasileiros encontraram, em 2007, os restos de uma coruja pré-histórica gigante chamada Ornimegalonyx.
Eles afirmavam que os cientistas foram capazes de extrair o DNA do animal e clonar a ave em 2014. Declararam ainda que a coruja havia atacado o cientista Brian Christopher e perfurando seus olhos com suas garras, assegurando que Christopher havia perdido seus dois olhos, sem possibilidades de recuperar sua visão. Supostamente, os outros cientistas, em seguida, declararam que iriam tomar mais cuidado quando fossem lidar com a ave, e fariam o uso de máscaras e roupas especiais.
Há, todavia, uma advertência no site do Daily Buzz Live que garante que o propósito do site é entreter e não para informar, por isso não era de se estranhar que o artigo fosse uma farsa. Mesmo que uma coruja gigante chamada Ornimegalonyx realmente exista e as fotografias usadas no artigo sejam de um pássaro real, o resto do artigo era puramente imaginário. Ainda assim, isso não impediu o artigo de se tornar viral e convencer centenas de amantes da ciência e da natureza da veracidade da história.
Woofen-Poof
Em 1928, o Professor L.W. Sharpe e seu assistente, C.B. Fraser, criaram a farsa do “woofen-poof”, um pássaro curioso que enganou cientistas por toda a América. A brincadeira foi inicialmente inspirada em seu amigo em comum, o Dr. L.F. Randolph, um professor da botânica.
O woofen-poof foi modelado na argila e moldado em ferro e alumínio. Uma monografia que acompanhava a criatura era o que confirmava sua existência. A monografia explicava que as informações sobre o woofen-poof tinham sido reunidas durante uma expedição de quatro anos no Deserto de Gobi, a única localização conhecida do habitat desse estranho pássaro. O woofen-poof supostamente media 17 centímetros de comprimento e tinha um bico longo com uma bolsa pendurada.
A informação sobre o woofen-poof foi apresentada pela primeira vez em uma palestra perante o Departamento de Botânica. O orador, anunciado como o professor Augustus C. Fotheringham, da Universidade da Nova Zelândia, era na verdade Fraser disfarçado com uma barba branca. O público estava hipnotizado com o woofen-poof.
A palestra, que foi feita com slides falsos, foi um sucesso tão grande que os autores tiveram 500 cópias do discurso impresso e tiveram seu trabalho citado inúmeras vezes por revistas científicas de prestígio.