Em 1996, cientistas encontraram uma misteriosa pedra na região sudoeste do Egito, que mesmo 22 anos após sua descoberta, ainda intriga muitos cientistas. O motivo é que ela não se encaixa em nenhuma categoria existente de meteorito. Mas as primeiras respostas sobre ela podem ter acabado de surgir.
De acordo com pesquisadores da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, partes da rocha podem ter se formado antes do nosso próprio sistema solar.
A pedra recebeu a alcunha de Pedra Hipátia, em homenagem a matemática e filósofa que viveu no século IV. E ela não é muito grande: possui apenas 3,5 centímetros de comprimento e pesa não mais que 30 gramas.
Quando ela foi descoberta, os cientistas não tinham ideia de sua origem. Como ela possui microdiamantes em sua composição, que possuem um tamanho na casa dos micrômetros, acreditava-se que se tratava de uma espécie estranha do diamante conhecido como Carbonado, popularmente chamado de Diamante Negro.
Só que estudos feitos em 2013 e 2015 refutaram essa possibilidade, após descobrirem altas concentrações de gases nobres em seu interior. Esse já era um indício de que a Pedra Hipátia é originária de outro mundo (e o diamante, certamente, se formou a partir do choque da rocha com a atmosfera da Terra).
“Esse é um pedaço de material extraterrestre”, explicou Guillaume Avice, professor do Instituto de Tecnologia da Califórnia, que participou do estudo de 2015.
Além disso, a rocha não se equipara a qualquer tipo de meteorito, mesmo sendo oriunda do espaço. Mas um dos motivos disso é que não é possível realizar muitos estudos com ela, pois apenas 4 gramas da Pedra Hepátia podem ser analisadas, que a maior parte da rocha foi fragmentada e seus pedaços foram enviados para diversos laboratórios do mundo todo.
Neste novo estudo, os pesquisadores tiveram como foco a análise dos minerais encontrados na Pedra Hipátia. E descobriram que ela é muito mais estranha que o imaginado, pois ela possui uma infinidade de compostos que são raros de se encontrar na Terra e até em nosso sistema solar. Por exemplo, foram detectadas pequenas pepitas de alumínio puro e um composto com grandes concentrações de níquel e ferro.
“Não existe nenhum mecanismo conhecido ou imaginável que possa ter produzido esses compostos naturalmente na Nebulosa Pré-solar”, disse Jan Kramers, líder desse estudo.
A Nebulosa Pré-solar seria a poeira e gás que sobraram após a formação do sol, nos primórdios do nosso sistema solar, há 4,6 bilhões de anos. Kramers e seus colegas acreditam que a Pedra Hepátia pode ter se formado antes mesmo durante este evento, o que faria dela mais velha até que o sol.
Só que outro problema é que a pequena rocha também não se encaixaria com as atuais teorias sobre a formação do nosso sistema solar. Assim, a formação da Pedra Hepátia ainda é bastante questionável e sua origem continua um grande mistério.
“Nós ainda não sabemos o que ela é, exatamente”, disse Guillaume Avice.