Como viviam os 13 filhos aprisionados pelos próprios pais nos EUA?

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No início desta semana, um caso chocou os Estados Unidos: um casal de uma pequena cidade do estado da Califórnia mantinha os seus 13 filhos como prisioneiros dentro de casa. David Turpin, de 56 anos, e Louise Turpin, de 49, foram presos e já estão respondendo pelos crimes de tortura e abuso.

Mas neste momento, você deve estar se perguntando: como que os 13 filhos do casal conseguiam viver desta forma? A promotoria que está julgando o caso revelou os primeiros detalhes na última quinta-feira (18).

De acordo com o promotor Mike Hestrin, David e Louise costumam bater nos filhos com frequência e chegavam a estragulá-los. Eles ficavam acorrentados ou trancados em seus quartos (antes, ficavam apenas amarrados com cordas, mas o casal mudou o método após uma das crianças conseguir se soltar um dia) e não tinham autorização sequer para ir ao banheiro. Além disso, só podiam tomar banho uma vez por ano.

Com relação a alimentação, muitos se encontravam subnutridos (os promotores afirmaram que os filhos que tinham 12 anos de idade tinham o peso de uma criança de sete anos). Eles só podiam comer uma vez por dia, e diversas vezes, os pais até deixavam comida em seus quartos, mas em locais em que poderiam apenas ficar observando os alimentos.

“Os pais compravam comida para os dois, e não deixavam as vítimas comerem. Compravam tortas e deixavam sobre a mesa para que os filhos ficassem olhando, mas não comessem”, disse Hestrin.

E o casal fazia o mesmo com brinquedos: costumavam deixá-los intactos, ainda dentro de suas caixas, em lugares nos quais os filhos só poderiam observá-los de longe. Aparentemente, a única coisa que tinham autorização para fazer era escrever em diários, que foram levados para análise.

Além de tudo isso, os filhos do casal jamais foram a um dentista e muitas delas não iam a um médico há quatro anos. E como viviam em completo isolamento com o resto do mundo, não tinham noções básicas de coisas simples da vida.

“Alguns deles não sabiam nem mesmo o que é um policial”, explicou o promotor.

Os 13 filhos do casal, que possuem idades entre dois e 29 anos de idade, estão recebendo tratamento em um hospital, desde que foram libertados na última segunda-feira, 15.

O casal continua detido, sob uma fiança de US$ 13 milhões. O promotor Mike Hestrin acredita que David e Louise Turpin podem pegar até 94 anos de cadeia.

Fuga planejada por dois anos

O caso foi descoberto após uma das filhas do casal, de 17 anos, conseguir fugir da casa e pedir ajuda para policiais por meio de um celular que conseguiu pegar dentro do imóvel, no último domingo, 14.

De acordo com a adolescente, ela planejava essa fuga há dois anos e contou com a ajuda de um dos irmãos para escapar da residência.

Assim que chegaram ao local, os policiais encontraram três vítimas acorrentadas e efetuaram a prisão do casal Turpin. Eles descreveram a casa como um local “sombrio e com um mal cheiro.”

Família “feliz”

A vida que a família aparentava ter era bem diferente nas redes sociais. Em seus perfis, o casal costumava postar fotos com todos os filhos em diversos locais turísticos, como os parques da Disney ou a popular cidade de Las Vegas.

Em muitas dessas fotos, todos aparentavam estar sorridentes, como se nada de mais estivesse acontecendo.

Vizinhos da família relataram que não aparentava haver nada de errado com essa casa, apesar de que haviam certos indícios de que algo poderia estar acontecendo com a família. Uma mulher relatou que não sabia quase nada dos Turpin e que as crianças eram raramente vistas.

Por fim, acredita-se que os Turpin conseguiram esconder esse segredo por tanto tempo após declararem que educavam seus filhos em casa, uma prática muito comum nos Estados Unidos nas últimas décadas.

Como David Turpin registrou uma escola particular em seu nome, em que os filhos estudavam, as autoridades não levantaram suspeita alguma. Instituições de ensino que são privadas estão fora da jurisdição do Departamento de Educação da Califórnia.

Até mesmo os próprios avós das crianças não desconfiaram de nada em momento algum, justamente por terem sido informados pelo casal que seus filhos recebiam “uma educação escolar muito rigosa em casa”. Mas notaram, na visita mais recente, que os netos pareciam estar “magros” até demais.

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